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Copom reduz taxa básica de juros em 0,5 ponto porcentual

A taxa Selic passa a 12% ao ano na primeira queda de juro do governo Dilma. Mercado discorda da decisão por conta do cenário incerto e da inflação alta

Por Beatriz Ferrari
31 ago 2011, 20h48

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu reduzir, nesta quarta-feira, a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto porcentual, para 12% ao ano pelos próximos 45 dias, dando início um ciclo de baixa. A decisão – que surpreende o mercado, o qual se encontrava dividido entre a aposta de manutenção e de redução de 0,25 p.p. – não tem viés e contou com a maior parte dos votos dos diretores do BC: cinco em seu favor e apenas dois pela permanência da Selic em 12,5% ao ano.

Em comunicado, o BC argumenta que, ao reavaliar o cenário internacional, percebeu uma deterioração substancial, com destaque para as fortes reduções nas projeções de crescimento para as economias desenvolvidas. Os diretores do órgão avaliaram, então, que haverá condições para o recuo da inflação no cenário internacional, haja vista que os países enfrentam um ambiente de restrição fiscal e porque “parece limitado o espaço para utilização de política monetária”.

O Copom acrescenta que o contágio destes problemas externos na economia brasileira deve se dar de diversas formas: uma redução da corrente de comércio (somatória de exportações e importações), a moderação nos fluxos de investimentos, condições de crédito mais restritivas e piora no sentimento de consumidores e empresários. O BC conclui, portanto, que a conjunção destes fatores intensificará o processo de desaceleração econômica em curso no país – o que torna mais favorável o quadro inflacionário. O órgão acrescenta que o aprofundamento das restrições fiscais no país, com o compromisso do governo federal em elevar em 10 bilhões de reais a meta de superávit primário neste ano, também apontam nessa direção.

Por fim, o Copom declara ser oportuno um ajuste moderado no nível da taxa básica, antecipando-se aos efeitos adversos vindos de um mundo em crise. O BC ressalta ainda que a medida é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012.

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Repercussão – Na avaliação dos economistas ouvidos pelo site de VEJA, a queda da taxa, de fato, revela que o BC já prevê impactos importantes na economia doméstica do arrefecimento do crescimento mundial. Em resumo, o órgão já enxergaria a possibilidade de desaceleração da atividade, abrindo espaço para uma acomodação da inflação. Os analistas, entretanto, discordam da decisão, apontando sinais de que a atividade econômica no país segue aquecida e a inflação, preocupante. Começar a baixar a Selic neste momento é arriscado. Na opinião deles, o BC deveria esperar e avaliar melhor o quadro internacional antes de começar a diminuir os juros.

Para o economista-sênior do banco Santander, Cristiano Souza, a queda dos juros foi precipitada. “Ainda não estamos vendo efeito da política monetária. Os dados recentes de crédito, emprego e renda não mostram desaceleração e a inflação permanece alta”, explica. Ele acredita que o momento é incerto para tomar decisões e ressalta que há muito espaço para reduzir juros no médio prazo. “A desaceleração mundial vai ter impacto sobre a expansão do PIB brasileiro. Não será um cenário catastrófico, mas cresceremos abaixo do potencial e a inflação, apesar de não ficar no centro da meta, vai diminuir”, completa. O Santander prevê que o crescimento do PIB em 2012 será de 3,5% e a inflação deve atingir 5,7%.

O Bradesco também discorda da decisão. Em comunicado enviado ao mercado, o banco pontua que, apesar de não prever pressões sobre a oferta de produtos nos próximos trimestres, os riscos para a inflação não justificam o início do afrouxamento. “O espaço para um ciclo de baixa dos juros será tanto maior quanto maior for a deterioração do cenário externo e seu impacto sobre a economia brasileira”, diz o comunicado.

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