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Copom eleva Selic pela 2ª vez consecutiva e taxa vai a 11,25% ao ano

Decisão foi unânime. Desancoragem das expectativas com cenário fiscal incerto, alta do câmbio e economia aquecida estão entre os motivos para a alta dos juros

Por Camila Pati, Larissa Quintino, Luana Zanobia Atualizado em 6 nov 2024, 19h05 - Publicado em 6 nov 2024, 18h33

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por unanimidade, nesta quarta-feira, 6, elevar a taxa Selic de 10,75% para 11,25% ao ano, marcando a segunda alta seguida, depois de mais dois anos e a segunda no mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão unânime reflete um esforço do BC para conter a pressão da inflação e a desancoragem das expectativas. O aumento é maior que o da última reunião, que teve ajuste de 0,25 ponto, devido a um cenário mais turbulento que na  reunião de setembro. 

A alta era amplamente esperada pelo mercado financeiro, que estimava em sua maioria o ajuste  de 0,50 p.p. O Copom não deixou guidance para as futuras reuniões, e, mais uma vez, deixa a porta aberta para novos ajustes. “O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação”, afirma o comunicado. 

O aumento da Selic tem três motivos principais, segundo o Copom: a desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado, uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado euma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. 

O comitê deixa claro que principal razão por trás do ajuste de 0,50 p.p. é desancoragem das expectativas de inflação. A recente desvalorização do real e o aumento do risco fiscal estão impulsionando a desancoragem das expectativas de inflação. Com o dólar alcançando o maior valor em quatro anos, o cenário pressiona ainda mais. A vitória de Donald Trump nas eleições americanas,  traz ainda maior tendência de valorização para a moeda norte-americana, o que deve pressionar ainda mais o câmbio.  O mais recente Boletim Focus mostra que os analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central projetam que a economia estoure a meta da inflação neste ano, fechando em 4,59%. O centro da meta é 3%, com margem de 1,5% de tolerância. 

O crescimento econômico também é outro ponto de pressão inflacionária. O Boletim Focus prevê um crescimento de 3,10% para 2024, em um cenário de aquecimento do mercado de trabalho e da economia brasileira.

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No comunicado, o Copom também citou a questão fiscal, que tem afetado o mercado financeiro. “O Comitê tem acompanhado com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio”. 

Mais uma vez, o colegiado reafirmou em seu comunicado que uma “política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”.

Para justificar então a alta dos juros, o comunicado cita o cenário marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas.

Todos os membros do colegiado votaram pelo aumento da Selic: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

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