Controladora da Usiminas diz que Nippon ‘deu golpe’
Após destituição de executivos em setembro, Ternium afirma que sócia japonesa usa fatos artificiais para mudar governança da siderúrgica
O conflito societário que envolve as duas principais controladoras da Usiminas – Ternium e Nippon Steel – parece estar longe de ser resolvido. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Roberto Caiuby, presidente de negócios do grupo Technit, que controla a Ternium, diz que a sócia japonesa aplicou um “golpe” ao votar pelo afastamento de executivos indicados pelo grupo ítalo-argentino, rompendo com o acordo de acionistas. Em setembro, três executivos indicados pela Ternium foram destituídos de seus cargos: o diretor-presidente (Julián Eguren), o vice-presidente de subsidiárias (Paolo Bassetti), e o vice-presidente industrial (Marcelo Charas).
“Eles (os sócios japoneses) estão muito incomodados com as mudanças que passamos a fazer na empresa desde que chegamos em 2012, visando torná-la mais eficiente e competitiva. Na verdade, querem a volta do passado, com a cultura de estatal, ao usarem fatos artificiais para mudar a governança da companhia”, disse Caiuby. Ele cita a aquisição de 10,2% de ações do fundo de pensão Previ , no valor de 617 milhões de reais, para reafirmar a realização de investimentos por parte da Ternium. “Ao contrário dos japoneses, que pouco investiram em seus mais de 50 anos. Estavam mais preocupados em vender tecnologia e equipamentos.” A Nippon detém 29,45% das ações da Usiminas e a Ternium, 27,7%.
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O argumento da Nippon e de dois acionistas minoritários (Previ e Fundo L. Par), que foram favoráveis à demissão dos executivos da Ternium, é de que houve o pagamento de bônus especiais, que não tinham a aprovação da companhia, nem do conselho. Já a Ternium alega que os pagamentos não causaram dolo e não foram feitos de má fé. “A única razão é que a Nippon tentou mudar o acordo de acionistas, propondo alternância de presidente e não concordamos com esse rodízio”, disse Vidigal, que não vê sentido em um modelo de alternância de CEO a cada dois ou quatro anos.
“Os japoneses, aliados com o atual presidente de administração da empresa, Paulo Penido, rasgaram o acordo de acionistas da Usiminas, tomando decisões que violam o documento”, complementou Marcelo Trindade, advogado da Trindade Advogados, que cuida da causa para a Ternium junto com o escritório Mattos Filho.
A Ternium não teve sucesso em três pedidos de liminares para reconduzir seus executivos, mas disse que continuará buscando na Justiça a garantia de seus direitos e das regras do acordo firmado com os japoneses.