Construtora do Minha Casa, Minha Vida cresce 1.500% em 5 anos
Especializada na construção de habitações populares, a Casa Alta começou a fazer parte do programa após convite da Caixa Econômica Federal
O empresário Juarez Viecchi conseguiu a proeza de tornar sua construtora uma das mais importantes do programa federal Minha Casa, Minha Vida praticamente sem sair do anonimato. A Casa Alta está há 35 anos no mercado, mas ainda é uma desconhecida.
O departamento de marketing, por exemplo, é novidade dentro da companhia. Foi criado há apenas oito meses, quando um dos três filhos de Viecchi se formou em Marketing e começou a tocar a unidade, sem muita abertura para ousar, porque o pai não gosta de comerciais nem de plantões de vendas. “Sem investir em mídia, consigo manter um custo mais baixo”, afirma Viecchi, para justificar sua decisão. “Com o déficit de moradia que existe no Brasil, não preciso de propaganda.”
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Ao contrário de outras construtoras, o empresário diz ter uma fila de espera de 2,8 mil interessados em comprar seus imóveis e garante não manter nenhuma unidade em estoque. O engenheiro civil começou a carreira no banco Itaú, onde chegou a ser superintendente de crédito imobiliário. Foi por causa do emprego no banco que ele deixou Bauru, a 330 quilômetros de São Paulo, para morar no Sul. Já em Curitiba, decidiu abandonar a carteira assinada para fundar com o irmão a Casa Alta.
A empresa também faz imóveis de alto padrão, mas se especializou em habitação popular. Em 2009, quando o governo lançou o Minha Casa Minha Vida (MCMV) para subsidiar a construção de moradias, a Casa Alta faturava 30 milhões de reais. De lá para cá, abriu filiais em Brasília, Uberlândia e Porto Velho a partir de um convite da Caixa Econômica Federal, maior financiadora do MCMV.
O banco, conta o empresário, fez o meio de campo para que a empresa atuasse em cidades com pouca oferta de projetos do programa federal. A Caixa nega que faça esse tipo de “convite” para as empresas.
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Com o impulso dado pelo Minha Casa, Minha Vida, a construtora curitibana atingirá em 2014 um faturamento de aproximadamente 500 milhões de reais e em 2015 deve chegar a 1 bilhão de reais com os contratos assinados. Para suportar o crescimento de 1.500% em cinco anos, a empresa montou, na sede, o que Viecchi chama de “torre de controle”: softwares desenvolvidos internamente para monitorar todas as obras. Com o jatinho que comprou há um ano, o empresário visita semanalmente os canteiros, onde são construídas em média doze casas por dia.
“A Casa Alta é um �case� dentro do setor, embora seja desconhecida”, diz o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Rodrigues Martins, que só soube da existência da empresa há alguns meses. Ela fechou o ano passado com 87 canteiros de obra, atingiu uma área total de 2,8 milhões de metros quadrados em construção (superior à de companhias como a Even e a Rossi) e multiplicou por 20 o número de funcionários, chegando a 4,7 mil.
A construtora de Juarez Viecchi é o principal exemplo entre companhias que estão se beneficiando da bonança do MCMV, apesar de o mercado, em geral, estar ruim.
(Com Estadão Conteúdo)