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Como lidar com o susto de ser demitido pouco após a contratação

Recalcular a rota da carreira e tratar a situação com naturalidade em entrevistas de emprego são alguns caminhos apontados por especialistas

Por Marina Monzillo 3 fev 2018, 09h19

Mesmo os mais dedicados ou bem-sucedidos profissionais do mercado não estão imunes a percalços na carreira. Uma situação comum e difícil de prever é trocar um emprego aparentemente estável por uma proposta mais vantajosa e ser demitido logo em seguida.

Os motivos para a dispensa de um recém-contratado são muitos: falta de adaptação, reestruturação de departamento, falência da empresa, entre outros. A sensação para quem é desligado tão rapidamente, porém, costuma ser a mesma: de injustiça, insegurança e até arrependimento pelo movimento. Muitas vezes, a notícia tão prematura chega sem um feedback prévio.

“No meu caso, a mudança de ideia de uma pessoa mexeu com uma vida toda, não apenas com uma situação profissional”, comenta Yuri Gabriela Pezutto. Ela trabalhava havia cinco anos na área de Recursos Humanos de uma indústria química quando sentiu que era hora de encarar um novo desafio. A oportunidade apareceu em uma multinacional de logística para o setor alimentício. A proposta era excelente: o escritório ficava bem mais perto da casa dela, que tinha um filho recém-nascido, e havia o acordo informal de que ocuparia a diretoria dentro de três meses. “A diretora havia se afastado do cargo, ia à empresa apenas um dia e meio por semana, para atuar como consultora. O combinado era que eu ficaria em treinamento e, quando ela saísse de vez, eu assumiria a vaga.”

 

O que Yuri não esperava é que, pouco depois, a diretora desistiu de pedir as contas e não havia espaço para as duas na mesma empresa. “No começo, participei de reuniões no lugar dela. Mas comecei a sentir que havia algum problema comigo. Era o dilema, ela queria ficar”, conta a profissional. “Senti raiva e fiquei com certo trauma. No meu emprego atual, por exemplo, tenho um carro da empresa. Demorei bastante para vender o meu, por receio de perder o emprego de novo e ficar sem automóvel.”

Também se sentiu injustiçado um atuário de São Caetano do Sul que preferiu não ter seu nome divulgado. Mesmo depois de quase cinco anos, ele ainda se culpa por não ter se destacado o suficiente para evitar a dispensa em um corte que atingiu dezenas de pessoas na companhia de seguros em que trabalhava havia três meses. Ele buscava mais qualidade de vida quando aceitou sair da multinacional do ramo de auditoria onde atuou por sete anos, passou por um processo seletivo e entrou em uma função diferente da que tinha experiência. “Creio que tive um desempenho dentro do esperado, mas não devo ter chamado a atenção pela excelência, porque três meses depois, cheguei para trabalhar e fui demitido”. Segundo ele, a justificativa foi uma mudança estrutural, o CFO da empresa havia mudado, e o desligamento dele era efeito dessa mudança. “Algumas pessoas que entraram na mesma época que eu também foram dispensadas”, conta. “Eu estava começando a me adaptar, mudando minha rotina, foi horrível. Fui pego totalmente de surpresa”, lembra. “Se soubesse que havia esse risco, não teria saído de onde estava. Senti muita raiva na hora, depois veio a preocupação financeira. Como estava ganhando mais, estava me planejando dentro desse novo estilo de vida”.  Desde então, o profissional de 34 anos não voltou a ter carteira assinada.

Fernando Mantovani, diretor-geral da empresa de recrutamento e seleção Robert Half, diz que é difícil prever esse tipo de situação, mas uma recomendação é entrevistar a empresa do mesmo modo que a organização faz com o candidato. “Tentar verificar a consistência do projeto, a cultura da companhia, o estilo de gestão, o porquê de estar sendo contratado, porque a aquela cadeira está disponível, enfim, mapear ao máximo para entender os riscos”, sugere ele.

Procurar alguém eu seus contatos profissionais que trabalha, trabalhou ou um conhece alguém na empresa e que pode ser uma fonte de informação também é um caminho apontado pelo especialista.

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Há ainda plataformas como o Love Mondays, que apresentam avaliações do ambiente de trabalho feitas anonimamente pelos funcionários de corporações.

Baque psicológico

Para Mantovani, o ciclo de um emprego é como casamento. No caso do recém-contratado que é dispensado, é como se o noivo falasse “não” no altar. “Você está em um momento de euforia, acabou de conquistar algo novo. E vai do céu ao inferno”, explica. A recomendação em uma nova entrevista de emprego é tratar com naturalidade o que aconteceu e, de preferência, não criticar o empregador anterior. “Se puder pedir para o antigo gestor que se disponibilize para referências, seria ótimo, porque dá uma segurança para quem for entrevistar, que não fica com a pulga atrás da orelha.”

Quando a decepção e o desânimo tomam conta, a busca de apoio de psicólogos e coaches é um caminho. “É preciso refletir sobre o acontecido e dar um significado positivo a ele. No coaching, utilizamos técnicas de ‘ressignificação’ e para ‘recaulcular a rota’ da carreira”, explica José Roberto Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Coaching.

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