Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Como a Rússia aumentou exportação de petróleo à Europa em plena guerra

O acumulado do fornecimento aos países mais dependentes não deixou os níveis gerais de importação russa diminuir

Por Renan Monteiro Atualizado em 10 jun 2022, 20h48 - Publicado em 8 jun 2022, 12h24

Apesar das sanções ao combustível russo por causa da guerra na Ucrânia, a quantidade de petróleo bombeado para o território europeu aumentou 14% entre janeiro e abril, segundo relatório da Argus Media, consultoria especializada no setor. No mês de abril, a estimativa geral aponta para a exportação de 857 mil barris de petróleo por dia para a Europa, uma elevação em mais de 100 mil barris ao ser considerado o nível de exportação em janeiro de 2022. O que está estimulando o aumento é, sobretudo, a demanda conjunta da Hungria, Eslováquia, República Tcheca, Polônia e Alemanha. 

Embora parte dos países membros da União Europeia tenham embargado o petróleo da Rússia — por terem pouca ou nenhuma dependência dela —, a soma da demanda e fornecimento para os países mais dependentes, na prática, não deixou os níveis gerais de exportação russa para a Europa diminuir, como o desejado e defendido pelas lideranças do bloco. “O embargo acabou tendo um efeito contrário. A Rússia aumentou a quantidade de exportações, e, consequentemente, a margem de lucro com esses barris. O Putin chegou a comentar que essas ‘sanções do inferno’ impostas pelos países ocidentais acabaram fracassando. Se o Ocidente aumenta o embago à Rússia, isso faz com que os países tenham uma inflação ainda mais descontrolada (com os preços dos combustíveis). Isso contribuiu para tempestade perfeita, onde o embargo, além de não ter o efeito esperado sobre a Rússia, afetou a inflação dos países ocidentais”, avalia o especialista em finanças Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos.

Enquanto os Estados Unidos e o Canadá proibiram as importações do petróleo russo, a União Europeia anunciou um embargo gradual. Os 27 estados-membros chegaram ao acordo de proibir, até o final de 2022, as importações marítimas de petróleo bruto e produtos petrolíferos (refinados). O petróleo fornecido por oleodutos (via terrestre) está “temporariamente” isento das sanções, uma reivindicação de países como Hungria e Eslováquia – sem fronteira marítima e altamente dependentes do petróleo russo.

O oleoduto Druzhba (administrado pela estatal russa Transneft) é o principal fornecedor terrestre para as refinarias dos países do bloco europeu, que ainda estão demandando o combustível russo. Alemanha e Polônia já concordaram em fechar as torneiras até o final de 2022, porém, os outros países dificilmente encontrarão soluções de curto prazo para a garantir a independência do combustível da Rússia. A República Tcheca e a Eslováquia levantaram a proposta de embargo total em até três anos. Hungria, por sua vez, apontou para necessários quatro anos.

Na análise por países, segundo a estimativa da Argus Media, a Alemanha foi o único dos cincos principais demandantes a reduzir as importações desde o início da guerra. Até o final de abril, os outros países dependentes aumentaram ou mantiveram níveis de importações próximos do período pré-guerra. Em complemento, a oferta do combustível russo apresenta vantagem econômica para os países importadores, atualmente. O preço de referência global (petróleo Brent) está acima dos 120 dólares por barril, já o petróleo dos Urais, bombeado na Rússia, está sendo negociado abaixo dos 100 dólares.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.