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Com piora fiscal, mercado aumenta para 9,25% a projeção da Selic neste ano

Analistas pioraram projeções para o PIB e inflação neste ano e no próximo; IPCA pode fechar o ano em 9,17% muito acima do teto da meta, de 5,25%

Por Larissa Quintino Atualizado em 8 nov 2021, 03h47 - Publicado em 1 nov 2021, 09h27

Com a piora da situação fiscal brasileira, a perspectiva dos indicadores econômicos é de deterioração. Analistas do mercado financeiro pioraram novamente as projeções econômicas para este ano e os próximos. Segundo o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 1º, o mercado financeiro revisou projeções de PIB, inflação e taxa de juros e câmbio, tanto para este ano quanto para o próximo. No caso da Selic, a taxa básica de juros da economia, a visão dos analistas é que a taxa termine este ano em 9,25%, e encerre o próximo em 10,25%. Na semana passada, os analistas projetavam Selic a 8,75% e 9,50%, respectivamente.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária, Copom, subiu a taxa em 1,5 ponto percentual, devido justamente à piora da condição fiscal do país e indicou nova alta no mesmo patamar para a reunião de dezembro. Para pagar o Auxílio Brasil, nome dado ao novo Bolsa Família, o governo estuda alternativas para burlar o teto de gastos. Os ataques à âncora fiscal têm como consequência a piora da confiança de investidores, tanto de curto como de longo prazo. Assim, câmbio, inflação e o crescimento do país sofrem as consequências. Com a decisão do Banco Central sobre o aumento da Selic, a taxa está atualmente em 7,75% ao ano. Vale lembrar que a Selic começou 2021 com a taxa a 2% ao ano.

A taxa básica de juros mais alta é um mecanismo de política monetária utilizado para tentar controlar a inflação. O crédito mais caro desestimula o consumo — e também desestimula gastos de empresas e famílias. As projeções para a inflação, no entanto, seguem altas.

Segundo os analistas consultados pelo BC, a inflação deve terminar 2021 em 9,17%, muito acima da meta de 3,75% e do limite da meta, de 5,25%. Essa é a 30ª semana consecutiva de alta na projeção do IPCA. Na semana passada, por exemplo, o mercado projetava a inflação a 8,96% ao  fim deste ano. Para 2022, os analistas também veem aceleração, com o IPCA fechando o ano em 4,55%, acima dos 4,40% projetados na semana anterior, e na 15ª semana seguida de projeções de alta. A meta para 2022 é de 3,5% com limite até 5%.

No caso do crescimento da economia brasileira, os analistas projetam alta de 4,94% neste ano, abaixo dos 4,97% projetados na semana passada. Para 2022, o mercado projeta um crescimento de 1,20%, quarta revisão consecutiva para cima e 0,2 ponto acima de semana passada. Para 2023, o mercado manteve a projeção de avanço em 2%. Para 2024, entretanto, os analistas veem recuo para 2,20%, abaixo dos 2,25% da semana passada.

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A inflação, por exemplo, deve fechar este ano em 8,96% e em 4,40% no próximo, de acordo com o Boletim Focus. Essa é a 29ª semana de revisão seguida da taxa para este ano e a 14ª para 2022. Para 2023 e 2024, os analistas também projetam alta. A consequência da alta da inflação é a pressão na taxa básica de juros, a Selic. Segundo os analistas, a Selic deve fechar 2021 em 8,75% ao ano, meio ponto percentual acima da projeção de semana passada e 2 pontos acima da taxa vigente hoje.

Furo do teto

A decisão do do governo em turbinar o Bolsa Família — rebatizado de Auxílio Brasil — fez com que a articulação em torno de espaço orçamentário para o próximo ano, crescesse. A principal aposta para conseguir bancar o auxúlio de 400 reais entre dezembro deste ano e do próximo está na PEC dos Precatórios. O texto prevê a troca da atualização do teto, desconsiderando a correção pela inflação entre julho e junho, como é hoje, para janeiro a dezembro. Com a disparada da inflação neste ano, o teto seria puxado para cima.  Nos cálculos do Ministério da Economia, a mexida no teto, junto com o limite para pagamentos no precatório, deve abrir espaço de 91,6 bilhões de reais no orçamento do ano que vem, mais que suficiente para bancar o Auxílio Brasil.

A expectativa é que o texto seja votado nesta semana na Câmara dos Deputados. Na semana passada, a matéria não foi colocada em votação devido o baixo quórum de parlamentares em Brasília. Para aprovar uma PEC são necessários 308 votos favoráveis na Câmara, o equivalente a três quintos dos parlamentares. Caso aprovada, a medida vai para o Senado, onde também precisa da aprovação de três quintos dos membros da outra casa. Já prevendo atraso na tramitação da matéria, o presidente Jair Bolsonaro disse haver um “para-quedas reserva” para cumprir a promessa do benefício de 400 reais, mas não iria detalhar para causar “rumores no mercado”, que fica “nervosinho”. As declarações foram dadas no último sábado, durante viagem à Roma, onde o presidente participou do encontro do G20.

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