Com o dólar em ritmo de queda, esse é o momento de comprar?
A moeda passa a ser vista como oportunidade, seja para viagens ou investimento, mas ainda pode cair mais, segundo analistas
O dólar segue em ritmo de queda impulsionado pelo preço das commodities e pela alta taxa de juros no Brasil. Na sexta-feira, 25, a moeda norte-americana encerrou o dia cotado a 4,74 reais, o menor valor em dois anos. O dólar já acumula oito dias consecutivas de queda, sendo que em cinco deles foi negociado em patamares abaixo de 5 reais. Com a moeda barata em um momento de retomada das atividades pós-covid, a compra se tornou bastante atrativa. O dólar turismo, por exemplo, chegou a ser vendido por 4,98 reais (já com IOF) em casas de câmbio de São Paulo, e oscila em patamares próximos a 5 reais.
A cotação do dólar abaixo dos 5 reais não ocorria desde março de 2020, quando foi decretada a pandemia de Covid-19 e o dólar ficou em 4,72 reais. Esse era praticamente o último dia que os brasileiros conviveriam com o câmbio abaixo de 5 reais, até inesperadamente os últimos dias. Ao longo desses dois anos, o câmbio sofreu enorme volatilidade, chegando a ser cotado próximo de 6 reais. “Para atenuar os impactos causados pelas medidas restritivas, o Banco Central foi reduzindo os juros no Brasil e, consequentemente, uma taxa tão baixa afugentou os investidores estrangeiros que visam rentabilidade ao investir em países emergentes como o Brasil”, diz Caio Cordeiro, economista e sócio da Aplix Investimentos.
Agora, o movimento contrário tem atraído novamente fluxo de investidores estrangeiros que buscam maior rentabilidade com taxa de juros a 11,75% e oportunidades com a escalada de preços das commodities. O Brasil é o segundo país com a maior taxa de juros real, atrás apenas de Rússia. Por aqui, os juros ainda devem continuar subindo, encerrando o ano em 13%, o que ainda deve continuar beneficiando o câmbio. Com os choques de oferta e demanda causados pelo conflito, as commodities também devem continuar valorizando. Por isso, segundo especialistas, existem fortes probabilidades de o câmbio se manter abaixo de 5 reais no curto e médio prazo.
Vista como ativo de segurança, a procura pela moeda aumentou 24% desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, de 24 de fevereiro até 14 de março. Agora, com a queda do dólar frente ao real, a moeda também passa a ser vista como oportunidade, seja para viagens ou investimentos. No ano, o dólar já desvalorizou mais de 13% frente ao real, mas ainda não atingiu o preço justo.
Segundo Marcos Weigt, chefe da Tesouraria do Travelex Confidence, uma das maiores casa de câmbio do mundo, o valor justo, considerando preço de commodities, inflação e taxa de juros, seria 4,50 reais. “Ainda temos várias incertezas esse ano – internas e externas -, então eu acho que seria muito otimista pensar no câmbio a 4,50 reais, mas não é impossível”, diz.
Weigt aconselha a não esperar o câmbio ceder ainda mais, em especial, as empresas que precisam fazer hedge. Para os que pensam em comprar para viajar, o conselho é comprar aos poucos, mas dependendo da data da viagem, se for em um prazo de um ou dois anos, postergar a compra para aplicar o dinheiro poderia ser mais vantajoso no atual momento de juros alto.