Com mercado em baixa, Mercedes-Benz coloca 1,5 mil funcionários em licença remunerada
Medida será adotada por tempo indeterminado e atinge 15% dos trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo
Após o fraco início de ano para o setor automotivo, com queda de 38% nas vendas de veículos novos em janeiro, a Mercedes-Benz informou que vai dar licença remunerada a 1.500 funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo, a partir da próxima quarta-feira, dia 17. O número representa 15% dos cerca de 10.000 trabalhadores da fábrica.
A medida foi tomada por tempo indeterminado, mas a assessoria de comunicação da empresa afirmou que os trabalhadores devem ficar nessa condição pelo menos até maio, quando a montadora irá reavaliar o cenário para decidir se mantém a medida ou se recorre a um novo instrumento. Segundo a Mercedes-Benz, a fábrica conta hoje com um excedente de 2.000 trabalhadores. Os 1.500 colocados em licença remunerada fazem parte desse grupo.
Além disso, todos os 10.000 empregados, incluindo os que vão entrar em licença remunerada, estão cadastrados no Programa de Proteção ao Emprego (PPE), do governo federal. O programa permite que as empresas diminuam a jornada de trabalho dos funcionários em até 30%, com redução salarial no mesmo nível. Metade da perda salarial, contudo, é compensada pelo governo, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Quando aderiu ao PPE, a Mercedes-Benz optou por reduzir a jornada em 20%.
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Em nota, a empresa disse que 2016 começou com o mercado de veículos comerciais ainda mais fraco, sinalizando que terá um volume de vendas inferior a 2015, “o qual já foi bastante ruim”. “Diante desse cenário, a fábrica de São Bernardo do Campo tem utilizado apenas metade da força de trabalho, o que a mantém em uma situação difícil mesmo com o uso do PPE”, acrescentou.
Os chamados veículos comerciais são os caminhões e os ônibus, produzidos pela Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo. Em janeiro de 2016, a venda de caminhões teve queda de 42,4% em comparação com janeiro do ano passado, considerando o setor como um todo, enquanto os ônibus recuaram 44,9%, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em todo o ano de 2015, as vendas do setor caíram 47,7% e 38,9%, respectivamente. Não há dados disponíveis sobre o desempenho da Mercedes-Benz.
No ano passado, a forte queda nas vendas do mercado automotivo como um todo resultou no fechamento de 14.700 vagas de trabalho. Em janeiro de 2016, mais 379 empregos foram eliminados.
(Com Estadão Conteúdo)