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Com furo do teto, projeções de crescimento para os próximos anos pioram

Economistas consultados pelo Boletim Focus, do BC, revisaram para baixo as estimativas do PIB entre 2021 e 2024; Selic deve encerrar este ano em 8,75%

Por Larissa Quintino Atualizado em 26 out 2021, 02h55 - Publicado em 25 out 2021, 08h53

O mercado financeiro não vinha apresentando muito otimismo com as perspectivas da economia brasileira tanto no curto, quanto do médio prazo, mas, após uma semana que o governo admitiu furar o teto de gastos para financiar o novo Bolsa Família, as projeções pioraram bastante. De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 25, os analistas do mercado financeiro pioraram as projeções de PIB, inflação e taxa de juros e câmbio, tanto para este ano, como nos próximos.

No caso do crescimento da economia brasileira, os analistas projetam alta de 4,97% neste ano, abaixo dos 5,01% projetados na semana passada e a primeira vez desde junho em que o patamar está abaixo dos 5%. Para 2022, o mercado projeta um crescimento de 1,40%, terceira revisão consecutiva para cima e 0,1 ponto acima de semana passada. Para 2023 e 2024, os analistas também baixaram as projeções, estimando o PIB destes anos em 2% e 2,25%, respectivamente. Na semana anterior, o mercado projetava 2,10% e 2,50%.

A percepção dos economistas é que, com o desrespeito à âncora fiscal visando o pagamento de um programa social durante o ano eleitoral, cria-se uma instabilidade sobre a confiança em se investir no Brasil, afetando frontalmente a economia. As consequências são câmbio mais alto — que tem impacto direto na inflação para as famílias e as empresas — aumento na taxa de juros para segurar esses efeitos e menor crescimento, já que o crédito fica mais caro e a confiança menor. Essa espiral acontece justamente quando se projetava a recuperação da economia brasileira da crise de Covid-19, graças ao avanço da vacinação.

A inflação, por exemplo, deve fechar este ano em 8,96% e em 4,40% no próximo, de acordo com o Boletim Focus. Essa é a 29ª semana de revisão seguida da taxa para este ano e a 14ª para 2022. Para 2023 e 2024, os analistas também projetam alta. A consequência da alta da inflação é a pressão na taxa básica de juros, a Selic. Segundo os analistas, a Selic deve fechar 2021 em 8,75% ao ano, meio ponto percentual acima da projeção de semana passada e 2 pontos acima da taxa vigente hoje. Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para discutir os rumos da Selic, e uma alta de 1,25 ponto é vista como certa pelos analistas.

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Furo do teto

Na semana passada, com a decisão do governo em turbinar o Bolsa Família — rebatizado de Auxílio Brasil — o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que seria necessário furar o teto de gastos em cerca de 30 bilhões de reais para bancar o programa, que deve pagar 400 reais entre novembro deste ano e dezembro do próximo. As movimentações causaram muito mal estar no mercado financeiro. Uma das soluções políticas encontradas para tentar ‘driblar’ o furo no teto está na PEC dos Precatórios. O texto prevê a troca da atualização do teto, desconsiderando a correção pela inflação entre julho e junho, como é hoje, para janeiro a dezembro. Com a disparada da inflação neste ano, o teto seria puxado para cima. De acordo com o relator da proposta, deputado Hugo Motta (Republicanos – PB), a mexida no teto, junto com o limite para pagamentos no precatório, deve abrir espaço de 83 bilhões de reais no orçamento do ano que vem, mais que suficiente para bancar o Auxílio Brasil.

Além das reações do mercado, com dólar caindo e a bolsa de valores encerrando a semana com a pior queda em um ano, houve também reações da equipe econômica, com a saída de quatro secretários, incluindo Bruno Funchal, então titular da pasta do Tesouro e Orçamento.

 

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