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Com facilidade para empréstimo, idosos veem inadimplência disparar

A inadimplência entre os idosos foi a que mais cresceu nos últimos três anos, segundo dados da Serasa

Por Thaís Augusto Atualizado em 9 out 2018, 11h15 - Publicado em 9 out 2018, 11h15

A inadimplência cresce mais entre os idosos, segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Entre a população de 65 a 84 anos, a inadimplência subiu 9,56% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2017. Foi o maior aumento entre todas as faixas etárias – a alta foi de apenas 1,69% entre os consumidores de 30 a 39 anos, por exemplo.

Vários fatores pesam no endividamento dos mais velhos. Um deles é a própria redução do rendimento, já que a maioria passa a depender exclusivamente da aposentadoria do INSS, quase sempre de apenas um salário mínimo. Mesmo ganhando pouco, muitos idosos passam a ser responsáveis pela renda da família, pois os outros membros foram afetados pelo desemprego. Para compensar, alguns pegam empréstimo consignado (com desconto direto no benefício), o que acaba reduzindo ainda mais o valor que sobra da aposentadoria.

Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, a maior inadimplências dos idosos é reflexo da permanência prolongada dos idosos no mercado. “Eles estão permanecendo por mais tempo no mercado de trabalho, a renda mais curta nessa faixa etária e o aumento expressivo de gastos com saúde podem desajustar o orçamento”, analisa.

O país conta com 7,5 milhões de idosos na fora de trabalho, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No segundo trimestre, 63% dos idosos se declararam como chefes de família.

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Aos 67 anos, a dona de casa Vera Lucia Garcia mora com a filha, Sônia Silva, no bairro Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo. Com uma renda mensal de 1.100 reais, ela divide a casa com mais quatro pessoas.

Como ficou desempregada em 2016, Vera acabou acumulando dívidas no valor de 2.100 reais. “Mandaram minha mãe embora e ela perdeu a possibilidade de se aposentador”, conta Sônia, filha de Vera.

A dona de casa tem 10 anos de trabalho com carteira assinada. A aposentadoria por tempo de contribuição só é concedida para mulheres com 30 anos de recolhimentos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Sem salário, mas com acesso a crédito, Vera foi acumulando dívidas em atraso. O cartão de crédito e o cheque especial tornaram-se vilões para a família. Por isso, na última quinta-feira, a família foi ao posto do Serasa, na região central de São Paulo, para tentar renegociar as dívidas.

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Adriano Moreira, Sônia Silva e Vera Garcia participaram do atendimento do Serasa para renegociar dívidas (Thais Augusto/VEJA.com)

Neste ano, a família diz que o Dia das Crianças deve passar em branco. Uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelou que um terço dos que pretendem gastar está com o pagamento das contas em atraso. Desse total, 69% estão com o nome sujo.

Eles reclamam da situação econômica do país. “Precisamos de um governo melhor, mas ainda não temos candidato”, contou Sônia. “Só tenho certeza dele”, disse apontado para o alto. “Não abro mão de Jesus”.

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Em julho deste ano, 8,8 milhões de pessoas com mais de 60 anos deixaram de pagar as contas. “O que mais afeta a inadimplência é o desemprego, que começou a subir muito a partir de 2015. Vários chefes de família perderam o emprego e os idosos foram convocados a ajudar no orçamento. Eles normalmente recorrem ao crédito consignado”, explicou o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi. “Quando ele entra nesta linha de crédito, o banco desconta diretamente do pagamento da aposentadoria. Com menos dinheiro, ele tem dificuldades para pagar as próprias contas”.

Segundo ele, os idosos devem, em média, 4.700 reais para até quatro credores. As contas básicas, como luz e água, são as que mais atrasam: 34,30% dos consumidores com mais de 60 anos não conseguiram pagar esse tipo de dívida em julho.

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O taxista Antonio Martins, 70, foi ao Serasa descobrir porque seu score de crédito está baixo. A pontuação indica se a pessoa é boa pagadora – as empresas usam essas informações para liberar empréstimos e financiamentos.

Segundo ele, não há restrições no seu nome, mas mesmo assim tem dificuldade para obter financiamento. “Não adianta nada ter nome limpo se não consigo comprar”, disse.

Martins busca um financiamento para comprar o carro próprio e fugir do aluguel diário de 100 reais cobrado para dirigir um táxi de frota. A taxa serve para cobrir os custos de uso do veículo.

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Antonio Martins recebe 954 reais da aposentadoria, mas 50% da renda é comprometida com empréstimos consignados (Thais Augusto/VEJA.com)

Ele tem a renda fixa da aposentadoria de 954 reais (valor do salário mínimo atual), mas quer aumentar o orçamento. “Tenho dois empréstimos consignados. Um desconta 254 reais da minha conta, o outro 225 reais, além do seguro cobrado pelo banco”.

score do consumidor pode cair por diversas razões, a mais comum é a inadimplência. De acordo com o Serasa, a falta de atualização de dados pessoais também pode prejudicar a pontuação.

Para aumentar o score, o Serasa indica que o consumidor faça o Cadastro Positivo, plataforma que usa o histórico de pagamentos para construir a boa reputação. O  mais importante é manter as contas em dia.

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