Com dólar nas alturas, Tombini reafirma estabilidade do sistema financeiro
País está preparado para enfrentar momento de turbulência vivido pelos mercados globais, garante presidente do Banco Central
Em meio à alta volatilidade do dólar, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, voltou a falar que o país está preparado para enfrentar o momento de turbulência vivido pelos mercados globais. “O sistema financeiro está sólido, com elevados níveis de capital, liquidez e provisões”, disse neste sábado, durante a palestra de encerramento do 6º Congresso Internacional de Mercado Financeiro e de Capitais, em Campos do Jordão. “O trabalho árduo que realizamos nos últimos anos – supervisores e mercado – resultou em um sistema financeiro mais sólido e eficiente.”
O presidente da autoridade monetária comentou o cenário de volatilidade que o país vem enfrentando no mercado de câmbio desde maio e disse que o BC tem agido para enfrentar tais adversidades. “Nossa estratégia é clara: utilizaremos nosso amplo rol de instrumentos para reduzir volatilidade excessiva e mitigar potenciais riscos à estabilidade financeira”, disse.
A fala é uma menção ao plano anunciado há pouco mais de uma semana pelo BC, de leilões diários no mercado de câmbio. “Essa estratégia estará presente durante todo o período de transição entre o mundo atual e o mundo à frente, de condições monetárias normalizadas e maior crescimento da economia e do comércio global”, completou.
Apesar da ação do BC, o dólar subiu 4,5% em agosto, segunda maior alta mensal depois de maio, quando a divisa teve valorização de 7,04% ante o real. Com isso, a moeda acumula quatro meses de alta. A tendência de valorização da moeda norte-americana é provocada pela ameaça do fim dos estímulos econômicos do Banco Central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed). A alta do dólar traz preocupações adicionais à economia brasileira, que é penalizada pela inflação elevada, apesar da subida dos juros, e por crescimento enfraquecido. O dólar mais alto é uma pressão adicional à alta dos preços.
Repetindo o discurso otimista da presidente Dilma Rousseff, de que o país tem “bala na agulha” para combater a volatilidade do dólar, Tombini voltou a falar na importância das reservas internacionais. “Ao longo dos últimos dois anos, continuamos ampliando nosso colchão de segurança e de liquidez. Adicionamos quase 90 bilhões de dólares às nossas reservas internacionais, que hoje ultrapassam 370 bilhões de dólares.”
Cenário – Sobre o cenário internacional, Tombini disse que a estabilidade dos sistemas financeiros, “tanto em nível nacional quanto global”, tornou-se questão central para os supervisores, como os Bancos Centrais. Segundo ele, a crise financeira de 2008 fez com que as autoridades reguladoras “se preocupassem mais com a saúde e a solvência do sistema como um todo, e não somente das instituições individualmente, como prevalecia no pré-crise”. Para ele, o país saiu à frente e criou mecanismos de regulamentação há mais tempo “devido às situações de alta volatilidade que vivemos nas décadas de 1980 e 1990”