Com crise hídrica, mercado projeta inflação acima dos 6% no ano
Segundo Boletim Focus, do BC, indicador deve encerrar o ano em 6,07%, bem acima do teto da meta, de 5,25%; PIB deve avançar 5,18%
A pressão da alta da energia elétrica, que impacta desde a conta do consumidor até no custo das cadeias produtivas, vem pesando nos índices e nas previsões inflacionárias. Nesta segunda-feira, 5, o mercado financeiro projeta que o IPCA, a inflação oficial do país, ficará acima de 6%. Esta é a primeira vez no ano que a previsão passa desse patamar. De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, os analistas estimam que o índice chegue a 6,07%, acima dos 5,97% da semana passada e dos 5,44% a um mês. Esta é a 13ª alta seguida.
Vale lembrar que o teto da meta de inflação para este ano é de 3,75%, com tolerância até 5,25%. Já a economia continua em compasso de recuperação, com projeção de alta em 5,18% neste ano.
A inflação serve como um termômetro da economia e diversas variantes a afetam. O BC classificava a pressão ocorrida em 2020 como passageira, mas o aumento no preço de combustíveis no início do ano, junto com a alta na conta de luz, mostrou que a pressão é persistente. Os alimentos, grandes vilões do ano passado, não subiram tanto como a gasolina e a energia elétrica, mas continuam em alta. Na quinta-feira, 8, o IBGE divulga a inflação de junho. Na prévia, o índice subiu 0,83%, acima dos 0,44% em maio, com o efeito da energia elétrica. A crise hídrica, aliás, deve continuar a pressionar, já que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou reajuste de 52% da bandeira tarifária, valendo a partir deste mês.
As altas da inflação tem impactado nos juros. Neste ano, o Copom já subiu a Selic três vezes, saindo dos 2% no início do ano, para 4,25% agora, com projeção de alta até 6,50% ao fim do ano, de acordo com o Boletim Focus. A projeção da inflação para este ano é acima do acumulado em 2020, de 4,52%. Para 2022, o mercado projeta alta de 3,77%, ligeiramente maior que na semana anterior, de 3,78%, mas acima do centro da meta de 3,50% para o próximo ano.
Recuperação da economia
Apesar da grande preocupação com a inflação, o mercado continua a projetar crescimento da economia neste ano. Nesta semana, os analistas consultados pelo Focus preveem o PIB em 5,18%, acima dos 5,05% da semana passada e bem acima dos 3,14% previstos no fim de março.
Com o bom desempenho da economia registrado no primeiro trimestre do ano, o mercado vem paulatinamente subindo as projeções. Era esperado um choque maior no início do ano, devido à aceleração da nova onda de Covid-19 no país, porém, a economia cresceu 1,2% no período, de acordo com o IBGE.
Baseado principalmente nas exportações de commodities para a China e para os Estados Unidos, o crescimento do PIB brasileiro mostra que estruturar a economia sobre a venda de produtos primários de origem vegetal e mineral, como soja e minério de ferro, serviu para o país na atual crise. Apesar de ter cedido nas últimas semanas, a cotação do dólar em patamares altos contribui com este crescimento por beneficiar a balança comercial brasileira.