Com contexto desfavorável, negociadora do Brasil tenta fazer agenda climática avançar
Diretora do clima do Itamaraty vê chances de acordos
À frente do processo de negociação da agenda climática no Ministério de Relações Exteriores, a embaixadora Liliam Chagas tem a difícil tarefa de fazer o processo andar na COP30. A conferência ocorre em um momento de turbulência global – a Europa volta seus orçamentos para a defesa do continente, diante da guerra na Ucrânia, e os Estados Unidos se negam a sentar-se à mesa por determinação de Donald Trump. O quadro se torna ainda mais complexo composições divergentes entre as nações em desenvolvimento, como a postura de alguns países africanos que querem adiar algumas decisões mandatórias dessa conferência. Por enquanto, o Brasil conseguiu uma boa vitória, ao destacar da pauta as discussões dos temas mais controversos, para que os debates em torno da agenda não monopolizassem os primeiros dias do encontro. Sobre esses quesitos, Liliam conversou com VEJA.
Como esses quatro pontos mais controversos estão sendo tratados? Ainda não houve acordo para eles entrarem na agenda, mas para serem tratados em consultas à presidência. Já foram sete horas de conversa até agora que começam a migrar para um encontro de ideias. Nem todo mundo quer tudo, mas para ter essa conversa é preciso abordar o processo de financiamento, as metas de emissão, a questão dos relatórios de transparência que foram entregues agora e os assuntos de comércio. Depende da evolução dessas conversas para dar um prognóstico do que vai acontecer.
O Brasil tem obtido sucesso para fazer a agenda andar? A agenda da COP é multilateral. Estamos tentando avançar de uma forma equilibrada, instando as partes a virem com soluções de meio de caminho, com o que seria possível falar sobre essas questões. Tudo está sendo discutido num ambiente construtivo. Então, os países não estão ficando enclausurados na sua posição.
A possibilidade de um encaminhamento para uma “decisão de capa”, um conjunto de decisões finais que endereçam os próximos passos chegou a ser proposta? Alguns países pedem uma decisão de capa, mas essa é uma decisão coletiva. Estamos apenas no segundo dia.
Alguns países africanos propuseram o adiamento por dois anos dos chamados GGA’s, a definição de parâmetros de adaptação. Isso pode ocorrer? Essa COP tem um mandato para avançar no programa de trabalho de uma transição justa e definir os indicadores. Então, uma decisão para postergar ou mudar esse mandato, tem de ser negociada também.
Estão confiantes de que saia? A gente está trabalhando para isso. O jogo está começando. É normal que avance, recue, que venham oposições. As pessoas veem o que é possível alcançar de uma forma diferente. Mas, normalmente, se consegue chegar a um ponto que serve para todo mundo.
Se essa postura dos países africanos prevalecer, corremos o risco de isso esvaziar a conferência? São indicadores globais. Eles vão, provavelmente, ser definidos como voluntários, não como obrigação firme. São até 100 indicadores criados para os países poderem ter uma régua para medir o quanto eles estão conseguindo avançar nesse que é um dos principais objetivos do Acordo de Paris. Seria muito importante que o processo de combate ao aquecimento global pudesse quantificar o que ele mesmo gera.
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