Citado no petrolão, presidente da Transpetro é mantido no cargo
Afilhado político de Renan Calheiros (PMDB), Sergio Machado foi acusado de receber 500.000 reais de propina das mãos do delator Paulo Roberto Costa
Os membros do conselho de administração da subsidiária de transportes da Petrobras, Transpetro, correram contra o tempo para aprovar a segunda extensão da licença do cargo concedida ao presidente, Sérgio Machado.
O presidente deveria ter voltado à Transpetro ou deixado definitivamente o cargo nesta segunda-feira. No fim do prazo, durante a noite, veio a informação de que ele permanecerá na presidência da subsidiária por mais quinze dias. A assessoria de imprensa da Transpetro divulgou a prorrogação da licença na manhã desta terça-feira, logo no início do expediente.
Machado recorreu a parlamentares para tentar ganhar tempo e desvincular o seu nome das denúncias de corrupção feitas pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, delator na Operação Lava Jato. Costa disse ter recebido 500.000 reais diretamente de Machado como pagamento de propina.
Ex-senador, Machado é afilhado político do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB). Por causa do seu envolvimento, a presidente Dilma Rousseff já havia cogitado demiti-lo do cargo. O PMDB, no entanto, impediu a exoneração, alegando que o mesmo tratamento fosse dado aos petistas também citados na Lava Jato.
Quando a declaração de Costa foi dada à PF, a empresa de auditoria da estatal PricewaterhouseCoopers (PwC) demonstrou constrangimento em validar o balanço financeiro da petroleira, já que, entre os principais executivos no comando da companhia, estava o presidente da Transpetro, denunciado na Lava Jato. A solução, então, foi afastar Machado.
Calheiros – Nos bastidores, parlamentares do PMDB afirmam que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), padrinho político de Machado, atua para manter a presidência da Transpetro na cota do partido e que as sucessivas prorrogações das licenças do ex-senador cearense são uma tentativa de ganhar tempo para negociar com o Planalto.
A subsidiária de transportes é responsável por um orçamento bilionário de contratação de navios, que, além de movimentar todo setor naval brasileiro, tem o mérito de geração de emprego em grande escala. Por enquanto, o cargo permanece sendo ocupado interinamente por Cláudio Ribeiro Teixeira Campos, funcionário de carreira da estatal. Ele está na presidência desde o dia 3 de novembro de 2014, quando começou a licença de Machado.
(Com Estadão Conteúdo)