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China anuncia isenção tarifária de 16 tipos de produtos dos Estados Unidos

País asiático faz sinalização amigável em meio a disputa comercial, mas, para analistas, movimento não deve ser enxergado como aceno para trégua

Por André Romani 11 set 2019, 09h34

A China anunciou nesta quarta-feira, 11, um lote de isenções tarifárias para 16 tipos de produtos dos Estados Unidos. Esse é a primeira sinalização do país asiático no sentido de retirar tarifas já existentes e ocorre pouco antes de uma reunião planejada, para outubro, entre negociadores comerciais dos dois países para tentar diminuir a escalada de suas tarifas, em meio à disputa comercial que ocorre desde o ano passado.

As isenções se aplicarão a medicamentos e lubrificantes anticâncer, bem como aos ingredientes de ração animal, soro de leite e farinha de peixe, informou o Ministério das Finanças, em comunicado.

Pequim disse em maio que iniciaria um programa de isenção, em meio a crescentes preocupações com o custo da prolongada guerra comercial em sua economia. No segundo trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) expandiu 6,2% em comparação ao mesmo período do ano anterior, o pior resultado do país para o século, segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Alguns analistas veem o movimento de isentar tarifas como um gesto amigável, mas não o enxergam como um sinal de que ambos os lados estão preparando um acordo. “A isenção pode ser vista como um gesto de sinceridade para com os Estados Unidos antes das negociações em outubro, mas provavelmente é mais um meio de apoiar a economia”, escreveu em nota a economista do ING para a China, Iris Pang. “Ainda há muitas incertezas sobre as próximas negociações comerciais. Uma lista de isenção de apenas 16 itens não mudará a posição da China”, acrescenta ela.

 

De fato, a lista isenta é curta em comparação aos mais de 5.000 tipos de produtos dos Estados Unidos que já estão sujeitos a tarifas adicionais da China. Além disso, os principais produtos importados pelos americanos do país asiático, como soja e carne de porco, ainda estão sujeitos a pesadas cobranças adicionais.

Quando Pequim comunicou em maio que trabalharia na isenção de alguns produtos, existia a condição de que fossem aqueles que não seriam facilmente substituídos por outros países. Nos últimos meses, por exemplo, aumentou as importações de soja e carne de porco de países fornecedores, como o Brasil. Do outro lado, o soro de leite, que recebeu isenção, é importado pelos chineses dos Estados Unidos. O ingrediente é importante na alimentação de leitões e difícil de obter em grandes volumes de outros países.

Outro fator é que, de acordo com analistas, com os impostos sobre a soja e outras importações importantes, como carros fabricados nos Estados Unidos, a China mira uma base de apoio político essencial ao presidente americano, Donald Trump, principalmente fábricas e fazendas do Centro-Oeste e do Sul num momento de menor ímpeto na maior economia do mundo.

Entenda a disputa comercial entre China e Estados Unidos

A tensão comercial entre China e Estados Unidos começou em meados de 2018. Trump foi eleito com uma bandeira forte contra os produtos “made in China”, acusando o país asiático de prejudicar a indústria nacional e gerar desemprego. O ápice ocorreu quando o presidente anunciou tarifas de 25% sobre 50 bilhões de dólares de alta tecnologia chineses e 10% sobre 200 bilhões de dólares de outras mercadorias, em março do ano passado.

Houve retaliação chinesa e a partir de então os dois países iniciaram uma queda de braço que, por envolver as duas maiores potências econômicas do globo, passou a gerar consequências em todo o mundo. A situação esfriou no fim de 2018, com o início de negociações para uma trégua.

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Quando a guerra comercial parecia perto de uma solução, Trump anunciou em maio deste ano a elevação de 10% para 25% das tarifas sobre produtos de alta tecnologia chineses. O motivo, segundo o presidente, foi o fato da China ter supostamente quebrado o acordo comercial que os dois países estavam negociando. A medida teve retaliação chinesa poucos dias depois, com aumento das tarifas a produtos dos Estados Unidos, estimados em 60 bilhões de dólares.

Seguiu-se um período maior de tensão, até que, durante o G-20, foi anunciada uma trégua e o reinício das negociações para um acordo. Dias depois, Trump anunciou novas tarifas, o que gerou a volta da tensão a partir de agosto, com retaliações chinesas. Em setembro, tarifas adicionais partindo dos dois lados passaram a valer.

No total, as duas maiores economias do mundo aplicaram tarifas de 100 bilhões de dólares em mercadorias umas das outras, numa amarga guerra comercial que se arrasta há mais de um ano e eleva o espectro de uma recessão global.

(Com Reuters)

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