Cenário para bolsa brasileira é bastante positivo, diz Fator
Queda de juros na economia americana libera liquidez para diversos mercados mais arriscados, caso do Brasil
No acumulado de 2024 até hoje, o Ibovespa subiu e desceu, mas praticamente não mudou de lugar, oscilando sempre na faixa dos 132 mil pontos. Mas, se depender do potencial fluxo de recursos estrangeiros a cada corte de juros nos Estados Unidos e das condições melhores das empresas brasileiras, a perspectiva para a bolsa de valores muda e se torna bastante positiva. Essa é a leitura de Isabel Lemos, gestora de renda variável da administradora de recursos Fator.
Na avaliação da gestora, a queda de juros na economia americana abre um espaço importante para o Brasil porque libera liquidez para diversos mercados mais arriscados. Em um ambiente de empresas brasileiras com balanços favoráveis, são recursos que poderão buscar justamente as ações brasileiras, que, por sua vez, podem alçar o Ibovespa a novos níveis até o fim do ano.
“Mercado brasileiro está atrativo por múltiplos [razão entre um indicador financeiro e um indicador de mercado], porque os resultados das companhias brasileiras têm sido melhores do que esperado”, diz ela, em entrevista a VEJA. “Não ficaria surpresa se, nos próximos meses até o fim do ano, os estrangeiros voltassem para o nosso mercado.”
Lemos pondera que, do ponto de vista doméstico, o juro elevado é negativo porque ajuda a pressionar o endividamento das empresas. Na visão dela, porém, as altas são a sinalização correta de comprometimento do Banco Central para que, depois, em um ambiente com menos pressão inflacionária, haja espaço para novas quedas. Assim, há chances de o ciclo de altas da taxa Selic ser momentâneo e de curto prazo. “Postergamos uma segunda onda da queda [da Selic] para ano que vem”, afirma. “Mas todo movimento do Banco Central ocorre reunião a reunião, e o mercado sempre tem volatilidade.”
Entre os setores preferidos pela gestora estão o imobiliário, em especial o voltado para baixa renda, devindo aos incentivos do governo, além shoppings, que também têm apresentado bons resultados. Há ainda preferência pelo setor de bancos, com múltiplos baixos (preços baratos), energia elétrica e derivados de investimentos em infraestrutura, logística e construção civil.