Catorze anos de chavismo deixam economia da Venezuela em frangalhos
Morte de Hugo Chávez pode representar um novo começo para a economia venezuelana, que foi dilacerada por mais de uma década de sucateamento da indústria, deterioração fiscal, inflação e corrupção
Por Da Redação
5 mar 2013, 21h24
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1/84 Cortejo fúnebre de Hugo Chávez pelas ruas da capital Caracas (Juan Barreto/AFP/VEJA/VEJA)
2/84 Caixão de Hugo Chávez é carregado para cortejo pelas ruas da capital Caracas (Reuters/VEJA/VEJA)
3/84 Caixão de Hugo Chávez é carregado para cortejo pelas ruas da capital Caracas (Reuters/VEJA/VEJA)
4/84 Cerimônia de posse do presidente interino da Venezuela Nicolas Maduro (Jorge Silva/Reuters/VEJA/VEJA)
5/84 Cerimônia de posse do presidente interino da Venezuela Nicolas Maduro (Jorge Silva/Reuters/VEJA/VEJA)
6/84 Chefes de estado se reúnem na Venezuela para funeral de Estado de Hugo Chávez (Presidência da Venezuela/AFP/VEJA/VEJA)
7/84 O vice-presidente da Venezuela Nicolas Maduro, no funeral de Estado de Hugo Chávez (Miraflores Palace/Reuters/VEJA/VEJA)
8/84 O vice-presidente venezuelano Nicolas Maduro, o ex- presidente do Brasil Lula e a presidente Dilma Rousseff no velório de Hugo Chávez, na Academia Militar de Caracas (Miraflores Palace/Reuters/VEJA/VEJA)
9/84 Presidente do Irã, Mahmud Ahmadineyad chega a Venezuela para velório de Hugo Chavez (Alejandro BolÌvar/EFE/VEJA/VEJA)
10/84 Milhares de pessoas acompanham cortejo fúnebre de Hugo Chávez pelas ruas da capital Caracas (Ricardo Mazalan/AP/VEJA/VEJA)
11/84 Presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, Uruguai, José Mujica, e Bolívia, Evo Morales, comparecem ao velório de Hugo Chávez na Academia Militar de Caracas (AFP/VEJA/VEJA)
12/84 Presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, Uruguai, José Mujica, e Bolívia, Evo Morales, comparecem ao velório de Hugo Chávez na Academia Militar de Caracas (AFP/VEJA/VEJA)
13/84 Milhares de pessoas acompanham velório de Hugo Chávez em Caracas, na Venezuela (AFP/VEJA/VEJA)
14/84 Vice-presidente venezuelano, Nicolas Maduro e presidente da Bolívia, Evo Morales andam na frente do veículo que transporta o caixão do falecido Hugo Chávez (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA/VEJA)
15/84 Milhares de pessoas acompanham cortejo fúnebre de Hugo Chávez pelas ruas da capital Caracas (Dan Lopez/Reuters/VEJA/VEJA)
16/84 Milhares de pessoas acompanham cortejo fúnebre de Hugo Chávez pelas ruas da capital Caracas (Luis Camacho/AFP/VEJA/VEJA)
17/84 Milhares de pessoas acompanham cortejo fúnebre de Hugo Chávez pelas ruas da capital Caracas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA/VEJA)
18/84 Milhares de pessoas acompanham cortejo fúnebre de Hugo Chávez pelas ruas da capital Caracas (Jorge Dan Lope/Reuters/VEJA/VEJA)
19/84 Apoiadores foram à frente do Hospital Militar para adeus a Hugo Chávez em Caracas, nesta quarta-feira (06) (Ariana Cubillos/AP/VEJA/VEJA)
20/84 Apoiadores foram à frente do Hospital Militar para adeus a Hugo Chávez em Caracas, nesta quarta-feira (06) (Leo Ramirez/AFP/VEJA/VEJA)
21/84 O coronel Hugo Chávez (Juan Barreto/AFP/VEJA/VEJA)
22/84 O mandatário venezuelano, Hugo Chávez (Juan Barreto / AFP/VEJA/VEJA)
23/84 Hugo Chávez é solto em 26 de março de 1994, em Caracas, Venezuela, depois de passar dois anos preso por sua participação na tentativa de golpe contra o presidente Carlos Andres Peres (Bertrand Parres/AFP/VEJA/VEJA)
24/84 Hugo Chávez em passeata no Dia do Trabalho em Caracas, Venezuela, em 1996 (Bertrand Parres/AFP/VEJA/VEJA)
25/84 Hugo Chávez chegando ao conselho eleitoral para registrar seu partido "Movimiento V Republica" em Caracas, Venezuela, em 29 de julho de 1997 (Bertrand Parres/AFP/VEJA/VEJA)
26/84 Ao lado da mulher, Marisabel, durante marcha em Caracas que abriu oficialmente sua campanha eleitoral para presidente da Venezuela, em agosto de 1998 (Bertrand Parres/AFP/VEJA/VEJA)
27/84 Chávez faz o primeiro arremesso em partida amistosa entre estudantes da Universidade Central de Caracas e atores de televisão em Caracas, Venezuela, em junho de 1998 (Bertrand Parres/AFP/VEJA/VEJA)
28/84 Chávez em ato de campanha em Caracas, em agosto de 1998 (Keith Dannemiller/Corbis/VEJA/VEJA)
29/84 Com a mulher Marisabel e a filha Rosaines em comício em Caracas, em outubro de 1998 (Bertrand Parres/AFP/VEJA/VEJA)
30/84 Hugo Chávez em conversa com seu antecessor Rafael Caldera após vencer as eleições presidenciais de dezembro de 1998 com 56% dos votos (Bertrand Parres/AFP/VEJA/VEJA)
31/84 Chávez recebe o colar de Simon Bolívar durante cerimônia de posse em 2 de fevereiro de 1999 (Rodrigo Arangua/AFP/VEJA/VEJA)
32/84 Chávez e a mulher Marisabel rumo ao palácio presidencial em Caracas, Venezuela, em fevereiro de 1999 (Bertrand Parres/AFP/VEJA/VEJA)
33/84 Hugo Chávez com o arcebispo de Caracas Mario Moronta na catedral de Caracas, em fevereiro de 1999 (Bertrand Parres/AFP/VEJA/VEJA)
34/84 Hugo Chávez com militares do exército em Valência, Venezuela, em junho do ano 2000 (Fernando Llano/AP/VEJA/VEJA)
35/84 Ao lado de Fidel Castro no Parque Nacional do Canaima, Venezuela, em agosto de 2001 (Egilda Gomes/AP/VEJA/VEJA)
36/84 Com Fidel Castro durante a apresentação de plano econômico para pescadores na baía de Pampatar, Venezuela, em agosto de 2001 (Jose Goitia/AP/VEJA/VEJA)
37/84 Com papagaio no ombro, Chávez participa de passeata em Caracas, Venezuela (Fernando Llano/AP/VEJA/VEJA)
38/84 Chávez concede entrevista no palácio de Miraflores, em Caracas, tendo quadro de Simon Bolívar ao fundo (Juan Barreto/AFP/VEJA/VEJA)
39/84 Hugo Chávez durante coletiva de imprensa em reunião da cúpula mundial na sede da ONU em Nova York, em 15/09/2005 (Gregory Bull/AP/VEJA/VEJA)
40/84 Hugo Chávez e Lula durante cerimônia de inauguração de uma refinaria de petróleo montada em acordo dos dois países no Recife (Evaristo Sá/AFP/VEJA/VEJA)
41/84 O caudilho em ato em Caracas que marcou o início de mais uma campanha para reeleição, em fevereiro de 2006 (Marcelo Garcia/AFP/VEJA/VEJA)
42/84 Hugo Chávez em frente a bandeira da Venezuela no Panamá (Kent Gilbert/AP/VEJA/VEJA)
43/84 Hugo Chávez no Conselho Eleitoral Nacional após sua reeleição em Caracas, Venezuela, em 05/12/2006 (AP/VEJA/VEJA)
44/84 Hugo Chávez durante coletiva de imprensa no palácio presidencial de Miraflores em Caracas, Venezuela, em 09/11/2006 (Fernando Llano/AP/VEJA/VEJA)
45/84 Hugo Chávez durante visita ao Brasil em Curitiba, em 20/04/2006 (Orlando Kissner/AFP/VEJA/VEJA)
46/84 Evo Morales, presidente da Bolívia, Hugo Chávez e Lula durante 1º Encontro da Cúpula Energética Latino Americana em Ilha Margarita, Venezuela, em 17/04/2007 (Antonio Gauderio/Folha Imagem/VEJA/VEJA)
47/84 Hugo Chávez durante desfile a caminho do congresso após ser reeleito em Caracas, Venezuela, em 10/01/2007 (Leslie Mazoch/AP/VEJA/VEJA)
48/84 Hugo Chávez durante comício em Caracas, Venezuela (Giampiero Sposito/Reuters/VEJA/VEJA)
49/84 Hugo Chávez conversa com Lula sobre questões de energia em Recife (Hans Von Manteuffel/Agência O Globo/VEJA/VEJA)
50/84 Lula com Hugo Chavez em Miraflores, Caracas, Venezuela – 06/08/2010 (Ariana Cubillos/AP/VEJA/VEJA)
51/84 Hugo Chávez, Raul Castro, Evo Morales e Lula durante reunião de Cúpula Extraordinária da Unasul e da Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento na Costa do Sauípe, Bahia (Celso Junior/AE/VEJA/VEJA)
52/84 Hugo Chávez durante posse da presidente Dilma em Brasília, em janeiro de 2010 (Adriano Machado/AFP/VEJA/VEJA)
53/84 Chávez anuncia exumação de Bolívar, em 2010: "Vimos os restos do grande Bolívar, esse esqueleto glorioso, pois se pode sentir sua labareda", escreveu Chávez no Twitter (AFP/VEJA/VEJA)
54/84 Chávez ao lado de imagem do rosto do herói da independência venezuelana, Simon Bolívar. A imagem é uma reconstrução digital a partir do crânio e do material genético do corpo de Bolívar (Juan Barreto/AFP/VEJA/VEJA)
55/84 Hugo Chávez discursa em Caracas, em novembro de 2011, depois de se submeter a tratamento de quimioterapia (Juan Barreto/AFP/VEJA/VEJA)
56/84 Chávez após discurso em Caracas (Juan Barreto / AFP/VEJA/VEJA)
57/84 Os ditadores Fidel Castro, eterno caudilho de Cuba, e Hugo Chávez, da Venezuela: regimes siameses (AFP/VEJA/VEJA)
58/84 Chávez (à direita) encontra Raul Castro em Havana: tratamento contra câncer (EFE/VEJA/VEJA)
59/84 Hugo Chávez e Hillary Clinton (Marcelo Garcia/AFP/VEJA/VEJA)
60/84 Hugo Chávez e Dilma Rousseff em encontro no Palácio do Planalto (Evaristo Sá/AFP/VEJA/VEJA)
61/84 O presidente da Venezuela, Hugo Chávez durante visita na cidade de Guaira, em 2010 (AFP/VEJA/VEJA)
62/84 Mandatário chega a local de votação na capital Caracas, no dia 7 de outubro (Luis Acosta/AFP/VEJA/VEJA)
63/84 Embaixo de chuva, Chávez faz seu último comício antes das eleições de outubro de 2012 (Jorge Silva/Reuters/VEJA/VEJA)
64/84 Hugo Chávez segura a bandeira venezuelana ao falar para apoiadores em Caracas depois de ser reeleito em outubro de 2012 (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA/VEJA)
65/84 O presidente da Venezuela, Hugo Chávez brinca sobre o corte de cabelo em Caracas (2011) (Jorge Silva/Reuters/VEJA/VEJA)
66/84 O presidente da Venezuela, Hugo Chávez durante coletiva de imprensa em Caracas (2012) (Juan Barreto/AFP/VEJA/VEJA)
67/84 Hugo Chávez encontra o ministro da Defesa, Diego Molero Bellavia, ao voltar para Caracas em dezembro de 2012, depois de uma viagem a Cuba para realizar um tratamento de saúde (Marcelo García/EFE/VEJA/VEJA)
68/84 Hugo Chavez durante transmissão nacional, no Palácio Miraflores, na Venezuela (Reuters/VEJA/VEJA)
69/84 Fotografia divulgada pelo governo venezuelano mostra Hugo Chávez com as filhas Rosa Virginia (dir) e María Gabriela. Segundo informações do governo, a foto foi tirada nesta quinta-feira, dia 14 de fevereiro (Imprensa de Miraflores/EFE/VEJA/VEJA)
70/84 Chavistas se emocionam em frente ao Hospital Militar em Caracas (Leo Ramirez/AFP/VEJA/VEJA)
71/84 Apoiadores foram à frente do Hospital Militar para adeus a Hugo Chávez em Caracas, nesta quarta-feira (06) (Leo Ramirez/AFP/VEJA/VEJA)
72/84 Apoiadores foram à frente do Hospital Militar para adeus a Hugo Chávez em Caracas, nesta quarta-feira (06) (Leo Ramirez/AFP/VEJA/VEJA)
73/84 Cartazes, flores e velas são colocados na entrada da embaixada da Venezuela em Moscou, um dia após a morte de Hugo Chávez (Misha Japaridze/AP/VEJA/VEJA)
74/84 Jovem lê jornal local no dia seguinte à morte do presidente da Venezuela Hugo Chávez, em Caracas (Geraldo Caso/AFP/VEJA/VEJA)
75/84 Clima de tristeza na Venezuela após anúncio da morte de Hugo Chávez (Jorge Silva/REUTERS/VEJA/VEJA)
76/84 Chavistas fazem vigília no centro de Caracas (Jorge Silva/Reuters/VEJA/VEJA)
77/84 Clima de tristeza na Venezuela após anúncio da morte de Hugo Chávez (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/VEJA/VEJA)
78/84 Chavistas lamentam a morte de Hugo Chávez (Fernando Llano/AP/VEJA/VEJA)
79/84 Chavistas lamentam a morte de Hugo Chávez (Fernando Llano/AP/VEJA/VEJA)
80/84 Chavistas lamentam a morte de Hugo Chávez (Ariana Cubillos/AP/VEJA/VEJA)
81/84 Chavistas lamentam a morte de Hugo Chávez (Fernando Llano/AP/VEJA/VEJA)
82/84 Chavistas lamentam a morte de Hugo Chávez (Juan Barreto/AFP/VEJA/VEJA)
83/84 Vice-presidente venezuelano Nicolás Maduro, anuncia a morte de Hugo Chávez (Reprodução/Telesur/VEJA/VEJA)
84/84 Jogadores venezuelanos do Deportivo Lara lamentam ao saber da morte de Hugo Chávez, recebida antes da partida contra o time paraguaio Olímpia pela Libertadores da América, em Assunção (Jorge Adorno/Reuters/VEJA/VEJA)
O legado de 14 anos de governo do presidente venezuelano Hugo Chávez, declarado morto na tarde desta terça-feira após uma longa batalha contra o câncer, será um fardo difícil de ser revertido – ao menos no campo econômico. O caudilho iniciou sua gestão em fevereiro de 1999 e desde então levou a cabo um processo doloroso de estatização, sucateamento da indústria e descontrole de gastos públicos. Ao longo de mais de uma década, a economia sobreviveu graças à receita proveniente do petróleo e ao setor de serviços. O consumo se manteve impulsionado, sobretudo, pelos programas assistencialistas – o que fez a inflação se manter acima de 20% durante todo o seu governo, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Na avaliação do economista Moisés Naím, Chávez deixa o país em uma situação dramática. “Nunca um líder latino-americano perdeu tanto dinheiro, gastou tão mal os recursos e usou de maneira tão incorreta o poder que lhe foi dado”, disse Naím ao Wall Street Journal. Chávez deixa um país politicamente dividido, dependente das importações – sobretudo dos Estados Unidos -, e com a menor média de crescimento per capita do Produto Interno Bruto (PIB) e maior inflação do que qualquer outro país da América Latina, exceto o Haiti, de acordo com um estudo feito pelo departamento de Desenvolvimento Internacional da Universidade de Harvard.
Apesar de contar com as maiores reservas de petróleo do mundo, a participação da Venezuela no total produzido pelos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) caiu de 4,8% para 3% durante o governo Chávez. O caudilho falhou em diversificar a economia venezuelana – ou melhor, nem ao menos tentou. O petróleo é, hoje, responsável por 50% das receitas do governo – e a fonte desses recursos é, quase que inteiramente, a estatal PDVSA. “A PDVSA se tornou uma empresa solitária na Venezuela. E isso aconteceu porque o estado se tornou o principal motor econômico, tirando o setor privado do jogo. E nada, nem na Venezuela, e menos ainda na PDVSA, é muito transparente”, afirma o economista Federico Barriga, da Economist Intelligence Unit (EIU).
Em 2003, o governo venezuelano demitiu 40% dos funcionários da companhia após uma greve geral. Desde então, a PDVSA deixou de cumprir todas as suas metas de investimento e a produção estagnou. Hoje, o país produz menos de 3 milhões de barris por dia – número que representa a metade do que a empresa pretendia produzir quando traçou seu novo plano de investimentos, em 2007. A estatal anunciou, em 2012, que produzirá 5,8 milhões de barris por dia em 2018. Para isso, terá de investir 206 bilhões de dólares nos próximos anos – missão considerada impossível por economistas, devido ao seu alto endividamento. A utilização de recursos provenientes do caixa da estatal para financiar, deliberadamente, projetos políticos era prática comum nos quatro mandatos do presidente Chávez.
Alta dos preços – A economia venezuelana tem um histórico de inflação alta, desde antes da entrada do caudilho no poder. Contudo, a gastança pública aliada a uma política expansionista e estatizante fez com que a alta dos preços atingisse níveis preocupantes. A inflação anual venezuelana, segundo o FMI, fechou 2012 a 26,3% – número que poderia ser muito maior não fosse o controle de preços exercido por Caracas. Trata-se do pior legado de Chávez, na avaliação de economistas. “A inflação se mantém acima de 20% ao ano há seis anos consecutivos. Em 2012, por ser ano eleitoral, houve um controle de preços muito severo por parte do governo. Se considerarmos a desvalorização do bolívar, a tendência é que a alta dos preços ultrapasse facilmente a casa dos 30%, devido ao encarecimento dos preços dos importados. Por fim, esse cenário terá efeito recessivo na economia já a partir do segundo semestre de 2013 e há uma séria possibilidade de contração do PIB no médio prazo”, afirmou ao site de VEJA Pedro Palma, economista venezuelano que é PhD em Wharton, na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
O endividamento do governo venezuelano subiu de 37% para 51% do PIB durante a era Chávez. Esse aumento não compromete a solidez fiscal do país no curto prazo, mas representa mais um desafio para o governante que assumir o poder na ausência do caudilho – seja o aliado Nicolás Maduro, ou Henrique Capriles, candidato da oposição que teve 45% dos votos nas últimas eleições. Segundo Pedro Palma, a dívida pública externa oficial está em 107 bilhões de dólares. A ela somam-se outros compromissos do estado, como a dívida da PDVSA com fornecedores e sócios e os débitos do governo com empresas expropriadas que estão em processo de arbitragem em Washington. No total, o endividamento chega a 140 bilhões de dólares, nas contas do economista.
Diante desse cenário pouco animador – e após as circunstâncias pouco transparentes que contornaram a morte de Hugo Chávez – os economistas ouvidos pelo site de VEJA não aguardam mudanças estruturais para o os próximos meses. Acreditam que um possível governo de oposição possa tranquilizar os mercados – mas isso não significa que solucionará os problemas econômicos criados ao longo dos últimos 14 anos. Para Federico Barriga, da EIU, uma virada econômica poderá começar a ocorrer se o novo governante souber como atrair investidores externos para a PDVSA – na intenção de livrá-la da mão pesada do estado. “Sempre vai haver interesse externo no setor petrolífero da Venezuela. Todos sabem que é um país difícil, mas Nigéria e Angola também são. E a Venezuela ainda tem as maiores reservas do mundo. Quem souber aproveitar o setor da forma que Chávez não soube poderá mudar as coisas”, diz.
Sob descontrole
Os programas de incentivo social do governo Chávez contribuíram para a alta pressão inflacionária na Venezuela. Nos últimos seis anos, o índice ficou próximo de 30% ao ano
1999
23,6%
2000
16,2%
2001
12,5%
2002
22,4%
2003
31,1%
2004
21,8%
2005
16,0%
2006
13,6%
2007
18,7%
2008
30,4%
2009
27,1%
2010
28,2%
2011
26,1%
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2012
26,3%
2013*
28,9%
Fonte: FMI *projeção
Gastos em expansão
A dívida do governo Chávez cresceu 18,3 pontos porcentuais em 14 anos
1999
38,1%
2000
31,9%
2001
34,5%
2002
46,4%
2003
49,3%
2004
42,9%
2005
33,7%
2006
28,4%
2007
29,9%
2008
26,3%
2009
33,8%
2010
40,2%
2011
46,8%
2012
51,3%
2013*
56,4%
Fonte: FMI *projeção
Altos e baixos
A desequilibrada economia da Venezuela teve muitas oscilações nos 14 anos de governo Chávez, com expansão de quase 20% e recessão de 6%