Por Charlie Dunmore
BRUXELAS, 25 Abr (Reuters) – O órgão executivo da União Europeia disse nesta quarta-feira que não pretende impor nenhuma medida particular sobre as importações dos Estados Unidos, após a descoberta do primeiro caso da doença de vaca louca no país em seis anos.
“A Comissão (Europeia) está satisfeita que o novo caso da doença foi confirmado no âmbito do sistema de vigilância nos Estados Unidos, que evitou que o animal entrasse na cadeia alimentar”, disse o porta-voz da Comissão Europeia de saúde, Frederic Vincent, em comunicado, referindo-se à encefalopatia espongiforme bovina, ou doença da vaca louca.
Vincent disse que a confirmação do novo caso na Califórnia em uma vaca leiteira veio sem surpresa para autoridades da UE, após três casos anteriores terem sido confirmados nos Estados Unidos entre 2003 e 2006.
Amostras da vaca infectada foram enviadas a laboratórios no Canadá e Grã-Bretanha para confirmação final, disse o órgão de fiscalização da saúde animal (OIE), baseado em Paris, em comunicado, acrescentando que o caso não deverá afetar a categoria atual de “risco controlado” do Departamento de Agricultura norte-americano (USDA) para a doença da vaca louca.
“De acordo com comunicados do USDA, os passos tomados até agora são consistentes com os padrões da OIE”, disse o comunicado.
México, Coreia e Japão, três dos maiores mercados além-mar para as vendas de carne norte-americana, disseram que vão continuar importando, apesar de dois grandes varejistas da Coreia do Sul terem interrompido suas vendas de carne dos EUA.
A Rússia vai considerar restrições temporárias ao produto norte-americano, em resposta ao caso de vaca louca, e pediu mais informações às autoridades do país sobre o foco e a resposta, disse uma autoridade nesta quarta-feira.
A União Europeia importou cerca de 15 mil toneladas de carne dos EUA em 2010, ou cerca de 84 milhões de euros (111 milhões de dólares), de acordo com os dados mais recentes da UE disponíveis.
Legisladores da UE aprovaram um acordo em março para aumentar a cota de importação sem taxa do bloco, para carne norte-americana que não é tratada com hormônio, para 45 mil toneladas a partir de agosto, encerrando uma longa disputa entre Europa, Estados Unidos e Canadá sobre a proibição da UE sobre a carne de gado tratado com hormônios para crescimento.
Os EUA impuseram uma proibição nas importações de todas as carnes da UE em 1997, após a epidemia de vaca louca que se espalhou da Inglaterra para o continente europeu durante os anos de 1990.
A comissão tem argumentado que as restrições dos EUA sobre as importações de carne europeia não estão em conformidade com as normas da OIE, pois os países da UE estão na mesma categoria de “risco controlado”.
No mês passado, o USDA publicou regras propostas para acabar com a proibição sobre as importações de carne da UE, embora as autoridades da UE dizem que pode demorar meses até que as restrições sejam removidas.
(US$1=0,7574 euros)
(Reportagem adicional de Gus Trompiz em Paris)