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Cancelamentos de cargas de soja assustam mercado

Só o grupo Sunrise, maior empresa de comércio exterior de soja da China, pode cancelar 10 carregamentos atrasados do Brasil, além de outras 23 cargas já contratadas

Por Da Redação
20 mar 2013, 19h50

Ameaças de uma empresa chinesa de cancelar a compra de até 2 milhões de toneladas de soja do Brasil devido a atrasos nos embarques reduziram o ritmo de vendas por parte dos produtores brasileiros nos últimos dias. O grupo Sunrise, maior trading chinesa de soja, disse, na terça-feira, que cancelaria 10 carregamentos atrasados do Brasil que haviam sido contratados para serem entregues em janeiro e fevereiro, além de 23 cargas que haviam sido contratadas para entrega entre abril e junho.

Negociantes e analistas brasileiros, no entanto, disseram, nesta quarta-feira, que um volume tão grande de cancelamento é pouco provável – uma vez que os estoques estão bastante apertados nos Estados Unidos, o que torna os chineses dependentes da produção brasileira. Além disso, como a Argentina ainda não começou a exportar, há dúvidas de que a China, país responsável pela compra de 70% da soja brasileira, realmente desistirá de um volume tão grande dos grãos. “Eles podem até conseguir se desvencilhar dos contratos para janeiro e fevereiro que não foram cumpridos. Nossa situação logística é bastante complicada, mas não é tão simples cancelar contratos futuros”, disse Paulo Molinari, analista da Safras & Mercados.

Um operador de uma corretora em São Paulo, que falou em condição de anonimato, disse que de 10 a 15 navios com carregamentos de cerca de 600 mil a 1 milhão de toneladas de vários compradores haviam sido cancelados nos últimos 40 dias.

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As empresas de comércio exterior internacionais estão assumindo os custos e multas com os atrasos na liberação dos navios, mas devem tentar compensar o custo adicional ao pagar aos menos aos produtores pela soja. “Por isso o mercado está paralisado. Ninguém está comprando ou vendendo”, disse o trader. Dados da Safras & Mercados mostra que 58% da safra brasileira de soja, atualmente com mais da metade colhida, havia sido vendida até 8 de março, ante 52% no mesmo período no ano anterior.

Os produtores brasileiros semearam a maior área de soja já plantada no país no final do ano passado após uma seca nos EUA provocar perdas. No entanto, a logística não conseguiu acompanhar a colheita recorde, o que resultou em atrasos de envio e filas de navios que podem ultrapassar 40 dias.

Enquanto um volume recorde de soja sobrecarrega os portos, apesar dos cancelamentos dos compradores, os diferenciais pagos no porto de Paranaguá sobre os preços de Chicago se tornaram negativos na semana passada. Um segundo trader disse nesta quarta-feira que os descontos haviam ficado ainda maiores por conta de relatos de cancelamentos de pedidos.

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O Brasil, eventualmente, vai revender os pedidos cancelados de soja, apesar de que a partir de outubro os grãos brasileiros competirão com a oleaginosa norte-americana, o que pode pressionar os preços na América do Sul. No entanto, alguns analistas suspeitam que os produtores brasileiros estão, na verdade, segurando os carregamentos a espera de preços melhores, jogando com o mercado da mesma maneira que eles acusam a China de estar fazendo. “No Brasil, há a ideia de que poderia novamente haver um problema (com o clima) para a colheita dos EUA. Os produtores brasileiros venderam mais da metade de suas colheitas em vendas antecipadas, eles podem se dar ao luxo de apostar um pouco no mercado em relação à safra norte-americana”, disse Molinari.

(com Reuters)

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