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Câmera da 99 dentro de carro gera receio sobre violação de privacidade

Motoristas e usuários podem se recusar que empresa tenha acesso a imagens suas durante as corridas. Inicialmente, projeto se restringe a voluntários.

Por Machado da Costa
Atualizado em 20 set 2018, 07h55 - Publicado em 20 set 2018, 07h55

O aplicativo de transportes 99 lançou nesta semana uma solução para aumentar o nível de segurança de seus clientes. A instalação de câmeras de segurança nos veículos pode, de fato, mudar o padrão dos aplicativos de transporte, conforme disseram especialistas consultados por VEJA. Porém, a redução da privacidade dos motoristas pode inibir o crescimento do número de profissionais que utilizam o aplicativo para gerar renda. Além disso, usuários também podem querer que a empresa não tenha acesso a suas imagens durante as corridas.

Segundo comunicado da 99, a instalação das câmeras passou a ser feita já nesta terça-feira, em fase de testes restrita à cidade de São Paulo. O aplicativo explicou que a iniciativa está sendo aplicada em motoristas voluntários e que os veículos contarão com adesivos de fácil visualização identificando que possuem câmeras. Chamadas de câmera IP, os equipamentos são caros e a empresa pode se ver obrigada a subsidiar a compra delas. Cada uma pode chegar a custar 1.000 reais.

O objetivo é reduzir a sensação de insegurança de usuários, presente principalmente entre mulheres, diz Ivair Rodrigues, consultor da IT Data. “Esses aplicativos pesquisam o mercado constantemente e perceberam que há uma grande preocupação por parte das mulheres em usá-los”, diz. “Porém, pode haver outros objetivos por trás disso.”

Câmeras IP têm sido largamente utilizadas pelo varejo para detectar padrões de compras de consumidores e assim otimizar promoções e pontos de venda. Os sensores permitem contar pessoas, analisar o trânsito ou até mesmo um comportamento inadequado de clientes e motoristas, por exemplo.

“Pode até mesmo detectar se o motorista está utilizando outro aplicativo, já que muitos dirigem por diferentes bandeiras, como Uber e Cabify”, afirma Rodrigues. “Isso pode ser um inibidor.”

A ideia, segundo a própria 99, é utilizar inteligência artificial para detectar situações de perigo. “O objetivo é que o monitoramento iniba eventuais incidentes. A tecnologia vai operar aliada à inteligência artificial da 99, que monitora o perfil de todas as chamadas. Assim, o aplicativo pode identificar situações de risco e tomar as medidas cabíveis, acompanhando o que acontece no veículo”, disse o aplicativo em seu comunicado.

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Legislação

A empresa reiterou que as imagens serão utilizadas apenas para questões relacionadas à segurança. “A 99 não irá utilizar os dados para fins comerciais. O foco da iniciativa é a segurança. As imagens só serão fornecidas a autoridades públicas, conforme a legislação e a política de privacidade da empresa. Ou seja, a 99 poderá fornecer à polícia imagens coletadas de acordo com os procedimentos previstos”, explicou em nota.

Do lado do usuário, a advogada Gisele Truzzi, especialista em direito digital, também demonstra preocupação. Atualmente, a privacidade de dados é um dos temas de maior preocupação no mundo da tecnologia. Ao abraçar esse tipo de solução, a 99 fica exposta a possíveis reações contrárias, afirma. “O custo do investimento sugere que possa ter algo por trás. Se fosse algo só como prevenção, a tecnologia utilizada precisaria ser tão avançada?”, questiona a advogada.

Apesar da preocupação, ela afirma que o uso de câmeras com o objetivo restrito de adicionar um elemento de segurança não fere a Lei Geral de Privacidade de Dados, sancionada no último dia 14. “Se você pensar no ponto de vista do usuário, há pouca privacidade para ele. Ele não está no próprio carro ou sozinho. E para o motorista, também não há expectativa de privacidade. Uma vez que não há privacidade, nem expectativa de, não há nenhuma violação”, afirma.

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A 99 diz que está, por ora, realizando os testes com alguns motoristas voluntários. “As características finais dessa iniciativa voltada à segurança de passageiros e motoristas ainda serão definidas”, diz a empresa.

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