SÃO PAULO, 18 Mai (Reuters) – O dólar era operado com leve alta ante o real nesta sexta-feira, mas já tendo registrado baixas, seguindo o movimento técnico nos mercados acionários após as recentes perdas. No entanto, pesava sobre os investidores os crescentes temores de uma possível saída da Grécia da zona do euro, avaliaram os operadores.
Às 11h44 (horário de Brasília), o dólar tinha variação positiva de 0,15 por cento, a 2,0092 real. Na mínima do dia, a moeda norte-americana chegou a 1,9930 real. Em relação a uma cesta de moedas, o dólar rondava a estabilidade.
“Há um movimento de correção nos mercados hoje… com os investidores tentando aproveitar a ausência de notícias muito ruins da Europa e a agenda de indicadores econômicos fraca para realizar algum lucro”, disse o estrategista-chefe do WestLB, Luciano Rostagno.
As bolsas norte-americanas registravam alta com a iminente estreia do Facebook no mercado ajudando a elevar o sentimento investidor. Entretanto, os principais índices caminham para encerrar sua pior semana de 2012, pressionados pelas preocupações com a situação europeia.
Os mercados continuavam apreensivos com a situação política na Grécia, uma vez que o resultado das novas eleições convocadas para 17 de junho podem levar o país a deixar a zona do euro, caso o novo governo não honre os compromissos feitos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE) em troca do segundo pacote de resgate.
Segundo o comissário comercial da União Europeia, Karel De Gucht, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) já estão trabalhando em cenários no caso de a Grécia ter que deixar a zona do euro.
“Essa queda do dólar está perdendo força porque a questão na Europa é muito preocupante”, disse Rostagno. “A tendência é que o dólar continue acima de 2 reais”, emendou.
O estragista-chefe destacou que os temores no exterior devem continuar guiando uma apreciação do dólar em relação real nas próximas sessões, o que pode trazer intervenções do Banco Central no mercado de câmbio para evitar possíveis repasses à inflação.
“Se a gente continuar vendo uma depreciação do real no ritmo das últimas semanas, o BC pode intervir”, afirmou Rostagno, referindo a leilões de venda de dólares no mercado.
Para ele, a moeda norte-americana a 2 reais não configura uma barreira para o mercado, uma vez que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou no início da semana que o câmbio não era uma preocupação para o governo.
No entanto, Rostagno acredita que a ausência da autoridade monetária no câmbio com o dólar a 2 reais abre espaço para especulação no mercado, que pode puxar a cotação para próximo de 2,10 real, aumentando a possibilidade de intervenções.
Já o banco JPMorgan não vê meta específica para atuação do BC. “O força do dólar (ante o real) tem base ampla e o real (acima de 2 reais) não está levando a um movimento de venda, e os números de crescimento continuam decepcionando”, trouxe a instituição, em relatório.(Reportagem de Natália Cacioli; Edição de Patrícia Duarte)