CÂMBIO-Dólar tem forte alta em dia de pessimismo no exterior

SÃO PAULO, 6 de março (Reuters) – O dólar saltava 1 por cento ante o real nesta terça-feira, ultrapassando 1,75 real pela primeira vez desde o final de janeiro, em meio às preocupações com a economia global e à ameaça de um calote pela Grécia.
Às 11h01 (horário de Brasília), o dólarera negociado a 1,7546 real para venda, em alta de 1,03 por cento. Na máxima do dia, a cotação alcançou 1,7555 real, maior nível intradia desde 30 de janeiro, quando chegou a 1,7577 real.
Após a China cortar sua meta de crescimento deste ano para o menor valor em oito anos na véspera, a União Europeia (UE) confirmou nesta terça-feira que o Produto Interno Bruto (PIB) dos 17 países que compõem a zona do euro encolheu 0,3 por cento entre outubro e dezembro de 2011, num sinal de que o bloco pode estar a caminho de uma recessão.
Na Grécia, seguem as dúvidas sobre a participação dos credores privados na reestruturação da dívida do país, necessária para evitar um calote desordenado. Um default grego poderia causar mais de 1 trilhão de euros de danos à zona do euro, segundo alertou o grupo que representa os credores de títulos gregos.
“Dificilmente há apenas um motivo que influencia o (mercado de) câmbio. Mas hoje o principal deles é que o exterior está azedo, com as bolsas lá fora caindo e outras moedas se desvalorizando em relação ao dólar”, afirmou o operador de câmbio da Interbolsa do Brasil Ovidio Soares.
Em relação a uma cesta de moedas, o dólar subia 0,56 por cento, enquanto o euro tinha perdas de 0,72 cento, cotado a 1,3122 dólar. No mercado acionário, o índice das principais ações europeias FTSEurofirst 300 recuava 1,6 por cento, e os índices futuros norte-americanosapontavam uma abertura em queda em Wall Street.
Soares disse ainda que o mercado de câmbio está “ressabiado” com o Banco Central, dadas as últimas ações da autoridade monetária para segurar a desvalorização do dólar.
Além de atuar com frequência comprando dólares no mercado à vista, somente na última quinta-feira o governo brasileiro anunciou duas medidas para frear a apreciação do real, que ameaça os exportadores e a indústria como um todo.
A presidente Dilma Rousseff disse na segunda-feira que o governo brasileiro estuda novas medidas para proteger o câmbio, mas negou haver estudo para a imposição de uma “quarentena”, que estabeleceria um prazo mínimo de permanência do capital estrangeiro no país.(Por Natália Cacioli; Edição de José de Castro)