SÃO PAULO, 22 Mar (Reuters) – O dólar operava em alta frente ao real nesta quinta-feira com fluxo manor, em meio ao pessimismo dos mercados internacionais após dados econômicos fracos da China e da Alemanha reiterarem preocupações sobre a força da demanda global. Pesava ainda a contínua expectativa do mercado com mais medidas cambiais do governo.
Às 10h51 (horário de Brasília), o dólar subia 0,41 por cento, cotado a 1,8280 real. Logo no início da sessão, a moeda atingiu 1,8326 real.
“As grandes empresas (exportadoras) trabalham em cima da expectativa, e a possibilidade de outras medidas (cambiais) está afastando seus negócios do mercado”, afirmou diretor de câmbio da Pionner Corretora, João Medeiros, lembrando que o dólar valorizado prejudica as vendas externas pela perda de competitividade.
O impulso econômico da China desacelerou em março na medida em que a atividade fabril encolheu pelo quinto mês consecutivo. O índice de gerentes de compras preliminar do HSBC caiu para 48,1 ante a máxima de quatro meses registrada em fevereiro de 49,6.
Na Alemanha, o setor industrial encolheu em março pela primeira vez neste ano, levantando preocupações sobre a resiliência do país à crise da zona do euro e encobrindo o otimismo com a aprovação do pacote de resgate da Grécia.
Dados da economia norte-americana, no entanto, mostraram que a maior economia do mundo continua mostrando sinais de recuperação de seu mercado de trabalho. Os novos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos atingiram nova mínima de quatro anos na semana passada, registrando queda de mil solicitações, para 348 mil, em números sazonalmente ajustados.
No cenário doméstico, a apreensão dos investidores diminuía o fluxo cambial nos últimos dias e, com isso, sustentava o dólar com valorização.
Segundo dados do fluxo cambial divulgados na quarta-feira pelo Banco Central, a entrada líquida de dólares no Brasil caiu na semana passada em relação a anterior, apesar de continuar positiva. O superávit foi de 514 milhões de dólares no período, sendo que na semana anterior, o fluxo havia sido positivo em 2,642 bilhões de dólares.
“Esses números estão refletindo as medidas que o governo impôs ao mercado”, disse Medeiros.
Em mais uma medida para evitar a valorização do real, no dia 12 de março o governo elevou para 6 por cento a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre empréstimos externos com prazo de até cinco anos. Anteriormente, o prazo era de até três anos.(Por Natália Cacioli; Edição de Patrícia Duarte)