SÃO PAULO, 25 Abr (Reuters) – O dólar operava em queda ante o real, colado ao movimento da moeda no exterior, com resultados corporativos acima das expectativas alimentando o apetite por risco dos investidores. O mercado, no entanto, continua atento à possibilidade o Banco Central continuar atuando por meio de leilões de dólares.
Às 11h24 (horário de Brasília), a divisa dos Estados Unidos tinha variação negativa de 0,16 por cento, cotada a 1,8793 real. Em relação a uma cesta de moedas, o dólar perdia 0,06 por cento.
“O dólar está com uma queda discreta, como resultado de um dia mais positivo nos mercados acionários”, afirmou o economista-chefe da Gradual Investimentos, Andre Perfeito.
A receita trimestral da Apple superou com facilidade as estimativas do mercado, impulsionada pela forte demanda por iPhones e iPads, impulsionando ganhos nas bolsas de valores mundiais e levando o Nasdaq, o índice das ações de tecnologia dos Estados Unidos, a subir mais de 2 por cento.
Por outro lado, a demanda por bens duráveis nos Estados Unidos registrou uma forte queda em março, sugerindo que a atividade industrial do país perdeu força no final do primeiro trimestre. Os pedidos tombaram 4,2 por cento, o maior declínio desde janeiro de 2009. Economistas esperavam um recuo de 1,7 por cento.
O economista destacou que o dólar deveria ter mais força para cair por causa do otimismo no exterior, mas que as intervenções do BC no mercado de câmbio impediam essa tendência.
“Pesa sobre o mercado a espada de intervenção do BC. A expectativa de novas atuações influenciam tanto quanto as intervenções em si”, afirmou Perfeito.
O operador de câmbio da Interbolsa do Brasil Ovidio Soares concorda que o dólar está com uma queda “tímida” nesta sessão por causa das ameaças do governo sobre o câmbio.
“O mercado de dólar vai cair de escada, e quando for para subir, irá de elevador”, disse o operador, afirmando ainda que a moeda norte-americana poderá ultrapassar 1,90 real com o agravamento da crise internacional e com as atuações do BC.
“Se o governo brasileiro não tivesse tomado nenhuma medida…o dólar estaria a 1,60 real no máximo. Mas com essas ameaças e os problemas lá fora, o dólar está, neste momento, com tendência de alta”, concluiu Soares.
O BC está atuando com mais intensidade desde o dia 11 passado, realizando por várias sessões dois leilões de compra de dólares. Na véspera, ele fez mais um, o que levou o dólar a fechar praticamente estável, após passar praticamente o dia todo em queda.(Por Natália Cacioli; Edição de Patrícia Duarte)