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Burocracia, a praga que atormenta as empresas brasileiras que mais crescem

Uma pesquisa inédita, feita em 32 cidades, mostra como a vida das chamadas ‘scale-ups’, cuja atividade gera nada menos que 60% dos empregos do país, é amarrada pela insana burocracia nacional

Por Carolina Melo 6 nov 2015, 21h37

A ironia é involuntária: o programa que infernizou a vida de milhares de brasileiros na semana passada chama-se Simples Doméstico. Cerca de 1 milhão de cidadãos tentaram acessar o portal eSocial para gerar um boleto com impostos e contribuições relativos ao seu empregado doméstico, mas nada foi simples. Com um software que não funciona, o eSocial tornou-se o mais recente pesadelo promovido pela burocracia nacional. Milhares de cidadãos tentaram cinco, dez, quinze vezes, e nada. Ficaram plantados na frente do computador de madrugada, e nada. Perderam horas de sono, de trabalho, de lazer, e nada. O sistema devolvia diversas gentilezas ­­- “deu erro”, “está fora do ar”, “senha errada”, “tente mais tarde” -, menos o maldito boleto.

O desastre do eSocial ofereceu a milhares de cidadãos uma pequena mostra do massacre diário enfrentado pelos brasileiros que dão emprego, empreendem, criam empresas, fazem negócios. Brasileiros que, de certo modo, precisam gerar um boleto do eSocial quase todos os dias. Por isso, tornou-se óbvio dizer que os empresários e empreendedores são heróis nacionais. Eles navegam diariamente num oceano de burocracia – softwares que não funcionam, leis que mudam a toda hora, tributos que têm troca de alíquota, regras que não servem para nada – e frequentam com infeliz assiduidade o templo da burocracia nacional, os cartórios. Nesse ambiente hostil, muitos ainda conseguem inovar e crescer.

Na cola da lambança do eSocial, VEJA quis saber como é a vida dos empreendedores que, apesar de tudo, têm sucesso. A revista teve acesso exclusivo a uma pesquisa inédita sobre um tipo especial de empresa. São companhias de alto crescimento ou, na expressão em inglês, scale-ups – palavra que confere um contraste com a denominação das empresas iniciantes, as start-ups. Nos últimos três anos, as scale-ups aumentaram em pelo menos 20% seu número de empregados ou sua receita, a cada ano. No Brasil, existem cerca de 35 000 scale-­ups. Elas representam menos de 1% do total das companhias brasileiras, mas criaram 3,3 milhões dos 5,6 milhões de empregos gerados de 2010 a 2012. Ou seja: de cada dez novos postos de trabalho, seis foram ofertados por uma scale-up.

Para fazer a pesquisa, a Endeavor, organização de apoio ao empreendedorismo com atuação internacional, resolveu deixar de lado os conhecidos dados nacionais e desceu à realidade das cidades, que é onde as empresas efetivamente existem e atuam. Escolheu as cidades que concentram o maior número de scale-ups, excluindo as situadas em regiões metropolitanas. Com esse critério, chegou a 32 municípios em 22 estados. Além de Brasília, são 21 capitais de estado e dez cidades do interior – quatro em São Paulo, duas em Santa Catarina, duas no Paraná, uma no Rio Grande do Sul e uma em Minas Gerais.

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Nelas, os pesquisadores levantaram dados sobre o tempo que se leva para abrir uma empresa, regularizar um imóvel, aprovar um projeto arquitetônico e fazer uma ligação de energia elétrica, coisas que o empreendedor tem de enfrentar em algum momento. Conferiram também a alíquota média do IPTU, a alíquota do ICMS e os incentivos fiscais concedidos, além das dificuldades práticas para recolher tributos, da frequência com que são editados novos decretos tributários e do congestionamento de processos no tribunal de Justiça do estado. Mesmo sem o tormento de gerar um boleto no eSocial, esperava-se um resultado ruim. Mas o resultado foi aterrador. A burocracia parece calibrada para punir as empresas na hora em que elas mais crescem.

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