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Brasileiro retoma compra de produtos abandonados no auge da crise

O movimento de retomada do consumo atinge desde itens do carrinho do supermercado, como azeite e requeijão, até produtos mais caros

Por Fabiana Futema 8 abr 2018, 11h11

O brasileiro começa a abrir espaço em seu orçamento para novas aquisições. Produtos que tinham sido cortados voltaram a fazer parte da cesta de compras das famílias. O movimento de retomada do consumo atinge desde itens do carrinho do supermercado, como azeite e requeijão, até produtos mais caros, cuja compra costuma ser planejada, como móveis e eletrodomésticos.

Parte desse comportamento pode ser explicado pela confiança na recuperação da economia, sustentada pelo arrefecimento do desemprego, redução dos juros, inflação em queda e aumento do crédito. Outra parte reflete fatores que interferem na decisão de compra, como sentimento de merecimento, preocupação com a saúde e busca por praticidade no dia a dia. Isso explica, por exemplo, o aumento das vendas de batatas congeladas e eletrodomésticos, como a air fryer – que reduz o tempo das pessoas na cozinha e permite o preparo de alimentos sem a utilização de óleo.

“As vendas de algumas categorias de alimentos já voltaram ao mesmo patamar de 2014, antes da crise. São aquelas que trazem um benefício claro para o consumidor, como praticidade, qualidade, saudabilidade ou itens que ele acredita merecer naquele momento”, diz Christine Pereira, diretora de negócios e marketing da Kantar Wordpanel, empresa especializada em comportamento de consumo.

Segundo ela, essa retomada só foi possível porque houve uma ligeira melhora no poder de compra das famílias. “Quando o bolso começa a melhorar, o consumidor volta a se permitir algumas compras. Mas como a situação ainda não melhorou totalmente, ele precisa fazer escolhas, optar entre um produto e outro e levar aquele que melhor atende seus desejos.”

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Essa pequena recuperação começou em 2017, de acordo com Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer Consultoria Especializada em Varejo e Bens de Consumo. “As pessoas passaram a se sentir um pouco mais seguras para assumir um crediário e voltar a comprar itens aos quais tinha se habituado, mas precisou cortar na crise.”

Mas ainda não dá para saber se essa retomada vai ter fôlego para o futuro. Como a recuperação do emprego está se dando, principalmente por vagas informais, o poder de compra das famílias ainda está longe do padrão de 2014. Para Olegário Araújo, diretor da consultoria Inteligência em Varejo, a turbulência econômica foi longa e o consumidor consegue fazer apenas pequenas concessões em seu orçamento. “Ele se pergunta se consegue comprar aquilo para ele e sua família e faz pequenos desembolsos.”

O período de recessão também alterou o comportamento de consumo do brasileiro. Uma dessas mudanças foi a troca do supermercado pelo atacarejo, que vende produtos tanto em unidade quanto em grande quantidade por preços menores. Para Ricardo Alvarenga, diretor do painel de domicílios da consultoria Nielsen, esse hábito recém-adquirido no auge da crise não deve ser deixado de lado mesmo em tempos de bonança. “O comportamento que ele aprendeu na crise não será abandonado. O consumidor aprendeu a planejar melhor seus gastos. E também há a dificuldade para saber quanto do que temos é crescimento e quanto é redução da retração. A economia ainda é a preocupação do brasileiro, à frente, inclusive, da política.”

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Pesquisa da Nielsen mostra mudanças no padrão de compras das famílias que saíram da crise porque arrumaram emprego ou quitaram suas dívidas. Apesar da ligeira melhora financeira, elas passam a ter mais responsabilidade na hora de gastar. Nesse grupo, há redução dos gastos com produtos de limpeza, mas aumento na compra de sabão líquido. Caem os gastos com bebidas, mas sobem com sucos prontos. A mesma alta acontece com os antissépticos bucais. Isso confirma a priorização de compra de itens que trazem praticidade ou embutem valores relacionados à saúde. “O consumidor toma decisões o tempo todo e nem percebe. Ele corta os supérfluos, mas se permite alguns gastos”, afirma Alvarenga.

Alguns itens que passaram a fazer parte da lista de compras do supermercado no auge da crise também devem ser mantidos. Como os gastos com restaurante pesaram muito no orçamento, os brasileiros passaram a fazer mais refeições em casa. “As pessoas estão mais dentro de casa e por isso o consumo dentro do lar melhorou. Houve uma preocupação para deixar a casa mais aconchegante, receber convidados com alimentos mais gostosos”, diz Fátima Merlin, CEO da Connect Shopper, consultoria especializada em comportamento consumidor. Isso explica a compra de itens de maior valor agregado, como manteiga e azeite.

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