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Brasil pratica ‘política da generosidade’, diz Economist

País está se tornando rapidamente em um dos maiores provedores globais de ajuda aos países pobres, com uma cifra impressionante de 4 bilhões de dólares por ano em empréstimos

Por Da Redação
15 jul 2010, 19h41

“O país ainda tem bolsões de pobreza do terceiro mundo, e enviar dinheiro ao exterior pode ser controverso. A lei brasileira proíbe dar dinheiro público para outros governos, então contorcionismos legais são inevitáveis”, afirma a Economist

A edição desta semana da prestigiada revista britânica Economist traz uma reportagem sobre a “política de generosidade” do governo brasileiro com as nações pobres. Intitulada “Fale suavemente e leve um cheque em branco”, a matéria traz uma ilustração do presidente Lula distribuindo dinheiro.

A revista comenta que uma das iniciativas mais bem-sucedidas no Haiti pós-terremoto foi a expansão do Lèt Agogô, uma cooperativa de laticínios, e sua transformação num projeto que encoraja mães a deixar seus filhos na escola em troca de refeições grátis. A idéia é baseada no Bolsa Família e financiada com dinheiro do governo brasileiro. No Mali, relata a Economist, os ganhos com as lavouras de algodão estão em franca expansão numa fazenda experimentada administrada pela Embrapa. Já a Odebrecht está construindo grande parte do sistema de abastecimento de água de Angola, além de ser um dos maiores empregadores da África.

A publicação revela que, sem atrair muita atenção, o Brasil está se tornando rapidamente em um dos maiores provedores globais de ajuda aos países pobres, com uma cifra impressionante de 4 bilhões de dólares por ano em empréstimos. “É menos do que a China, mas similar a doadores generosos como Suécia e Canadá – e, diferentemente do caso deles, as contribuições do Brasil estão aumentando”, diz a revista.

As estatísticas oficiais ainda não estariam refletindo esse montante. A Agência de Cooperação Brasileira, que oferece ‘assistência técnica’ (projetos científicos e consultoria), tem um orçamento de apenas 52 milhões de reais neste ano. Contudo, estudo do Instituto de Desenvolvimento Exterior da Grã-Bretanha e do Centro de Estudos do Desenvolvimento Internacional estima que outras instituições brasileiras gastam, em seus próprios programas de assistência, 15 vezes mais que o orçamento da ABC.

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A contribuição do país para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) seria entre 20 e 25 milhões de dólares por ano, segundo a Economist. Mas o verdadeiro valor dos bens e serviços que o país provê, de acordo com o representante do PNUD para o Brasil, seria de 100 milhões de dólares. Somados estes recursos aos 300 milhões de dólares que o Brasil dá ao Programa Mundial de Alimentos da ONU, mais 350 milhões de dólares destinados ao Haiti, badulaques para Gaza, e mais 3,3 bilhões de dólares em empréstimos comerciais que empresas brasileiras em países pobres conseguem do BNDES desde 2008, chega-se à cifra de 4 bilhões de dólares por ano.

Países desenvolvidos são cautelosos quanto à “política de generosidade” brasileira porque, segundo a publicação, isso pode aumentar o seu poder de influenciar os países em desenvolvimento. Por outro lado, a Economist diz que seria mais interessante que o Brasil, um país estável e democrático, aumente sua influência, do que a China ou a Rússia.

A reportagem chama a atenção para o aspecto comercial dessa expansão. “Por exemplo, o Brasil é um dos produtores de etanol mais eficientes do mundo e quer criar um mercado global de combustíveis verdes. Mas o país não pode fazer isso se for o único provedor real desse produto. Difundir a tecnologia do etanol em países pobres cria novos fornecedores, impulsiona as chances de desenvolvimento de um mercado global e gera negócios para empresas brasileiras.”

Por fim, a publicação faz uma crítica, classificando a posição do país como “controversa”. “O país ainda tem bolsões de pobreza do terceiro mundo, e enviar dinheiro ao exterior pode ser controverso. A lei brasileira proíbe dar dinheiro público para outros governos, então contorcionismos legais são inevitáveis”, afirma a Economist. “Muitas coisas terão que mudar antes do Brasil ocupar a posição que seu presidente aspira”, completa.

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