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Brasil não está pronto para carro sem motorista

Modelos com tecnologia avançada que chegam ao país têm os sistemas desligados em razão de entraves como infraestrutura e falta de legislação específica

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 25 fev 2018, 09h03 - Publicado em 25 fev 2018, 09h02

Carros sem motorista começarão a ser mais frequentes nos próximos dois anos, quando várias montadoras colocarão nas ruas modelos para testes especialmente em serviços de compartilhamento. O passo para a produção em massa vai levar mais tempo, mas os países desenvolvidos já se preparam para receber em breve os carros autônomos.

No Brasil e em outros mercados emergentes, no entanto, esse futuro está mais distante. Mesmo modelos com tecnologias avançadas que chegam ao país atualmente têm os sistemas desligados em razão de entraves como falta de legislação específica e infraestrutura para conectá-los às estradas e sinalizações, além do custo alto desse processo.

O semiautônomo mais avançado e já em produção em série no mundo, o Audi A8, dispensa a atuação do motorista em congestionamentos. O sedã será importado pela Audi brasileira no fim do ano, mas esse sistema não funcionará no país.

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O carro tem nível 3 de automação, mas no Brasil, sem esse sistema, será rebaixado ao nível 2. “O Brasil precisa começar a trabalhar em infraestrutura e em definições na legislação se quiser esse tipo de tecnologia no futuro”, diz o presidente da Audi no país, Johannes Roscheck.

No mercado desde outubro de 2016, o Mercedes-Benz Classe E entra no país com três sistemas desativados. Um deles avalia o momento seguro para trocar de faixa sozinho após o condutor ligar a seta. Outro interage com o GPS e, por exemplo, controla a velocidade quando uma curva acentuada se aproxima. Um terceiro sistema permite o reconhecimento de placas de sinalização.

A Volkswagen também desabilitou função similar em versões do Golf importadas da Alemanha em razão da falta de padronização das placas nas vias brasileiras, como a altura.

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Também importado desde maio de 2016, o BMW Série 7 tem o dispositivo de estacionamento remoto desligado quando entra no Brasil. Ele permite que o condutor comande a manobra de fora do carro, por meio do smartphone, mas ainda não foi habilitado pelo órgão local de trânsito e, por isso, é proibido.

“Os autônomos ainda são uma realidade muito distante do Brasil”, acredita Carlos Ayub, sócio da consultoria Deloitte. “Com a falta de estrutura de cidades e rodovias, vejo isto apenas para o longo prazo”.

Paulo Cardamone, diretor de estratégia da Bright Consulting, acredita que os autônomos só estarão efetivamente nas ruas em 20 ou 30 anos. “Até lá, é possível que haja linhas específicas, em trajetos preestabelecidos como táxis partindo de aeroportos para a região central das grandes cidades”.

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Para o sócio da PricewaterhouseCoopers (PwC) do Brasil, Marcelo Cioffi, o fator principal que pode limitar a chegada dos autônomos é mais econômico do que tecnológico. “As tecnologias estão evoluindo de maneira tão rápida que sua aplicação não será empecilho”.

À frente

No mês passado, a General Motors apresentou nos EUA o Cruise, seu primeiro modelo totalmente autônomo, sem volante nem pedais. A empresa promete colocá-lo para testes no próximo ano, inicialmente em uma frota de táxis.

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A GM aguarda autorização de órgãos governamentais para a circulação desses veículos.

A montadora já tem 180 modelos Bolt autônomos rodando por cidades americanas, mas que ainda são equipados com volantes e exigem a presença de engenheiros da empresa no banco do motorista.

A Toyota mostrou recentemente o e-Pallete, conceito de food truck autônomo para entrega de comida e outros produtos. A empresa espera iniciar testes com seu veículo futurístico em 2020 durante os jogos olímpicos de Tóquio.

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O presidente da Toyota no Brasil, Rafael Chang, diz não saber quando tecnologia similar vai estar no Brasil, “mas chegará”. Ele ressalta que há 15 anos não se imaginava que mudanças tecnológicas viriam com tanta rapidez e cita os exemplos dos celulares e da internet.

Na opinião de Pablo Di Si, presidente da Volkswagen América do Sul e Brasil, o governo brasileiro precisa traçar um plano de dez, 15 ou 20 anos para planejar a introdução das novas tecnologias no país.

“Deveria começar nas grandes cidades, em áreas pequenas, e depois iria expandindo na medida em que tivesse sucesso”, sugere Di Si. O executivo ressalta que primeiro é preciso ter infraestrutura e conectividade. “Hoje, temos dificuldade até em fazer uma ligação de celular, pois sempre cai”.

Em 2021 a Volkswagen terá à venda modelos autônomos de nível 4 na Europa, primeiro para uso compartilhado. Os mais prováveis são os atualmente conceitos ID Buzz (evolução da Kombi) e o utilitário-esportivo ID Crozz.

(Com Estadão Conteúdo)

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