Brasil é 7° maior consumidor mundial de energia, diz Banco Mundial
País também é o 3° em crescimento de fontes renováveis; quase a totalidade da população tem acesso ao serviço; no planeta, 1,2 bilhão de pessoas não têm eletricidade
O Brasil é o sétimo maior consumidor de energia do mundo e 99% da população brasileira tem acesso ao serviço, segundo o Banco Mundial, que divulgou relatório sobre o setor nesta terça-feira. A lista dos maiores consumidores é encabeçada por China e Estados Unidos, que, juntos, respondem por cerca de 40% do gasto primário de energia no mundo. Já o grupo dos 20 que mais consomem gasta 80% de toda a energia.
Já nos países com situação mais precária no acesso à energia, a Índia é o destaque isolado. Apenas lá, 306 milhões de pessoas não têm acesso à eletricidade. O país lidera também o ranking de nações com acesso ruim à energia gerada por combustíveis líquidos e gasosos, como o gás natural e diesel. Na África, a expansão da rede de energia não tem acompanhado o crescimento da população, ao contrário de outras áreas do mundo.
Energia renovável – Com relação ao crescimento de fontes renováveis, com origem em biocombustíveis e lixo, o Brasil está em terceiro lugar entre os países que apresentaram maior crescimento no consumo desse tipo de energia. Fontes renováveis respondem por 18% da matriz mundial de energia. China e EUA lideram a lista.
O Brasil é citado no documento como destaque na produção de energia renovável, ao lado de EUA, Alemanha e China, sobretudo em fontes diferentes da hidrelétrica. A produção brasileira tem crescido em outras fontes, em especial em biocombustíveis, aponta o relatório. O Banco Mundial cita ainda que tem crescido em outros países a energia gerada por lixo, sol, vento e biogás.
Países do norte da Europa, como Noruega e Suécia, estão entre aqueles com maior participação desse tipo de energia na matriz de consumo, superando os 50%. O Brasil também está logo no bloco dianteiro do ranking, na casa dos 48%, por causa da energia hidrelétrica. Mas o documento destaca o uso pioneiro e crescente do Brasil de energia renovável vinda da cana-de-açúcar e de outras fontes alternativas.
A meta da Organização das Nações Unidas (ONU) é elevar o porcentual de energia renovável para 36% da matriz energética mundial até 2030. O relatório do Banco Mundial aponta que esse objetivo pode não ser alcançado. “Mantidas as tendências atuais, a expansão da energia renovável mal conseguiria seguir o ritmo do crescimento da demanda global por energia”, diz o relatório. A projeção do Banco Mundial é bem mais discreta: a expectativa é de que a participação de fontes renováveis na matriz energática cresca para 19,4% em 17 anos.
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Acesso à eletricidade – No total, 1,2 bilhão de pessoas não têm acesso à eletricidade hoje no mundo e 2,8 bilhões ainda precisam confiar na madeira ou outro tipo de biomassa para cozinhar e se aquecer.
Nos últimos anos, o acesso das pessoas à energia elétrica tem aumentado, sobretudo nas regiões urbanas. De 1990 a 2010, em torno de 1,7 bilhão de pessoas passaram a ter acesso à eletricidade. Mas isso não fez o porcentual da população com acesso a energia crescer muito, pois o número de habitantes do planeta aumentou em 1,6 bilhão de pessoas no mesmo período: a taxa de pessoas com acesso à eletricidade passou de 76% para 83% de 1990 a 2010. O objetivo da ONU, que, em 2011, lançou o programa “Energia Sustentável para Todos”, é o de que o porcentual seja de 100% até 2030.
Alcançar esse número, porém, pode não ser possível. Um dos motivos é que aumentar o acesso da população à eletricidade exigiria investimentos bilionários. Só para aumentar a geração de eletricidade seriam necessários investimentos de 45 bilhões de dólares por ano, concentrados na África e Ásia.
O relatório aponta dois problemas para o setor elétrico. O acesso das pessoas à eletricidade tem crescido no mundo. Mas, muitas vezes, os serviços oferecidos pelas empresas do setor é de baixa qualidade. Outro ponto é que a rápida urbanização de algumas regiões pelo planeta tem feito a expansão da rede elétrica crescer apenas em níveis modestos em certas regiões metropolitanas.
O Banco Mundial coordenou o estudo em conjunto com a Agência Internacional de Energia e mais 15 órgãos multilaterais. O objetivo foi fazer um panorama mundial do acesso à energia e discutir formas para melhorar o acesso da população mundial e a eficiência do setor.
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(com Estadão Conteúdo)