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Brasil a um passo do grau de investimento: entenda a importância do rating

País perdeu o selo de bom pagador em 2015, durante o governo Dilma. Nota de crédito ajuda a atrair investimentos

Por Larissa Quintino Atualizado em 2 out 2024, 12h29 - Publicado em 2 out 2024, 08h53

A agência de classificação de risco Moody’s elevou de Ba2- para Ba1 a nota de crédito do Brasil, ficando a um degrau da recuperação do chamado grau de investimento. A classificação, chamada de rating soberano, é um indicador da capacidade de um país pagar suas dívidas, ou seja, indica qual o risco de o país dar um calote. As notas são dadas pelas grandes agências – além da Moody’s, a Fitch Ratings e a Standard & Poor’s.  

O Brasil recebeu grau de investimento, uma espécie de selo de bom pagador, em abril de 2008, no governo Lula 2; mas perdeu em setembro de 2015, durante o governo Dilma Rousseff. Essa certificação dá segurança para os investidores aplicarem recursos em determinado país. Há fundos de investimentos internacionais que só podem aplicar recursos em países que tenham essa classificação.

Na semana passada, durante agenda em Nova York, o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estiveram com membros das agências internacionais para entender a nota de crédito brasileira. Segundo Haddad, o objetivo de Lula é que o Brasil volte a ter o selo de bom pagador até o final do mandato, em 2026.

As agências de risco usualmente atribuem notas para as dívidas de curto e longo prazo, em moeda local e estrangeira. A nota para a emissão de títulos de longo prazo em moeda estrangeira é a mais comumente usada como referência para definir a classificação de risco do país. A escala usada pelas agências é representada por letras e sinais matemáticos (o menos e o mais). As notas costumam ir de D (a mais baixa) a AAA (a mais alta). No caso da Moody’s, vão de C até Aaa. Essas notas são classificadas pelo mercado como grau especulativo (D até BB+ ou C até Ba1) e grau de investimento(BBB- até AAA ou Baa3 até Aaa).

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Na nota da Moody’s, revisada na quarta-feira, o Brasil está em Ba1, a um degrau do grau de investimento, que é Baa1. As outras agências, Fitch Ratings e a Standard & Poor’s (S&P), ainda mantêm a classificação para o Brasil com a nota de crédito BB, com perspectiva “estável”, o que coloca o país em um grau especulativo, mas a dois passos do grau de investimento.

Apesar da melhora na nota, o Brasil ainda está abaixo da classificação de países vizinhos, para ficar só na América do Sul. O Chile tem nível “A” (S&P: A; Moody’s: A2; Fitch: A-), podendo acessar crédito de qualidade alta e com baixo risco.

Nova nota

De acordo com o relatório da Mood’ys, a elevação da nota reflete “as significativas melhorias de crédito” do país, melhorias essas que a agência espera que continuem, o que inclui um crescimento mais robusto do que o previamente esperado e uma crescente trilha de reformas econômicas e fiscais. Tais reformas devem levar a uma “resiliência para o perfil de crédito” do Brasil, embora a credibilidade fiscal do país ainda seja mediana, como é possível constatar no alto custo da dívida brasileira.

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“Por sua vez, um crescimento mais robusto e uma política fiscal consistentemente aderente permitirão que o peso da dívida se estabilize no médio prazo, ainda que em níveis relativamente elevados”, diz a Moody’s.

Ainda conforme a agência de risco, a perspectiva positiva para o rating reflete a “possibilidade de que o crescimento constante e o cumprimento das regras fiscais ajudem na credibilidade institucional”, com efeitos como a redução dos custos dos empréstimos “mais acentuadamente do que supomos atualmente.”

“Por sua vez, um menor custo da dívida teria um impacto positivo na trajetória da dívida pública do Brasil, especialmente se combinada com mais crescimento robusto, permitindo uma diminuição do peso da dívida no médio prazo”, diz o relatório.

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Na noite de quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, celebrou a elevação da nota e aproveitou a oportunidade para defender a agenda da equipe econômica de reequilíbrio das contas públicas. Segundo ele, é um trabalho complexo, que depende de diálogo do governo entre ele e com outros poderes, mas é um ‘esforço que vale a pena’. 

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