Por Renata Pedini
São Paulo – No último dia do mês, a Bovespa deve estar disposta a engatar uma recuperação, na
véspera das comemorações pelo Dia do Trabalho, depois de caminhar descolada dos mercados
internacionais na semana passada. Mas o feriado de amanhã, no Brasil e em outras praças financeiras
no exterior, deve reduzir a liquidez dos negócios e inibir qualquer tentativa de melhora mais
consistente. A agenda econômica dos Estados Unidos é relevante já a partir desta segunda-feira e
pode ajudar a definir uma direção para o dia.
“Hoje a Bolsa deve acompanhar os índices acionários internacionais, que na véspera do feriado do Dia
do Trabalho, terá um dia de liquidez reduzida em meio a uma semana mais curta com diversos
destaques no mercado internacional”, afirma o analista Eduardo Oliveira, da Um Investimentos, em
relatório. “Os indicadores dos EUA devem dar o tom do dia”, acrescenta um operador de uma
corretora paulista.
O feriado, amanhã, deixa fechadas as praças financeiras em países europeus como Alemanha,
França, Itália, Espanha e Portugal. Já no Reino Unido e em Nova York, os negócios funcionam
normalmente.
E a agenda econômica é forte nos EUA ao longo desta semana. Nesta segunda-feira, já foi anunciado
que a renda pessoal cresceu mais que o previsto, em +0,4% em março ante projeção de +0,2%,
enquanto os gastos pessoais subiram abaixo do esperado, em +0,3% no mesmo mês, de uma
previsão de alta de 0,4%. Já o índice de preços PCE registrou alta de 0,2% em março ante fevereiro. A
atividade do Meio-Oeste norte-americano, por sua vez, ficou estável em março.
Ainda por lá, o Instituto para a Gestão de Oferta (ISM) anuncia o índice de
atividade industrial regional (gerentes de compras) em abril.
Na Europa, os principais índices de ações recuam. Mais cedo, a Espanha informou que entrou, oficialmente, em recessão técnica no primeiro trimestre deste ano. O PIB do país caiu 0,3% no período, na comparação com o quarto trimestre de 2011. Nos três meses finais do ano passado, o PIB espanhol já havia caído 0,3%, na mesma base de comparação.
Além disso, na esteira do rebaixamento do rating soberano do país, na semana passada, a Standard &
Poor’s tomou medidas negativas sobre a nota de risco de crédito ou a perspectiva do rating de 16
bancos espanhóis, entre eles Santander e BBVA.
Esse noticiário negativo vindo, sobretudo, da Europa deve penalizar a performance da Bolsa ao final
deste mês, contribuindo para que abril seja o segundo mês consecutivo de perdas e a primeira vez em
que a Bolsa registre valorização abaixo de dois dígitos no acumulado do ano.