BNDES está revendo estratégia de redução de investimentos
Banco de fomento, que deveria diminuir os desembolsos neste ano, pode acelerar empréstimos para empurrar o crescimento da economia
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luciano Coutinho admitiu que a instituição está repensando a redução do volume de empréstimos para este ano. Em 2013, o banco de fomento emprestou 190,4 bilhões de reais. O ministro da Fazenda Guido Mantega vem pedindo moderação nos desembolsos e sinalizou que o valor poderia cair para 150 bilhões de reais neste ano. Agora, Coutinho pondera que é preciso rever a estratégia, após um desempenho fraco da economia no primeiro trimestre, que registrou Produto Interno Bruto (PIB) de 0,2% no período impactado pela queda da indústria e dos investimentos. “Temos um ano atípico, com fatores como investimentos em infraestrutura nos Estados.”
O desempenho fraco do investimento no primeiro trimestre foi afetado por fatores conjunturais, como a antecipação de compras de equipamentos no fim de 2013 por causa da mudança de taxas esperadas do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). “Houve também uma performance abaixo do esperado na construção. Mas acredito que é uma leitura de um trimestre. Não significa que você terá uma tendência de queda”, disse.
Na quinta-feira, o banco anunciou que desembolsou 58,8 bilhões de reais nos primeiros quatro meses de 2014, alta de 8% em relação a igual período do ano passado. O resultado foi puxado pelo setor de infraestrutura, com participação de 37% dos recursos liberados. Coutinho afirmou que houve uma transferência forte de desembolsos aprovados no fim do ano passado e desembolsados até fevereiro deste ano. “Deve haver mais moderação nos próximos meses. Maio já está mostrando isso”, disse.
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Para o setor de infraestrutura, entretanto, Coutinho destacou que há uma expectativa de aumento firme dos desembolsos. Segundo ele, o banco deverá desembolsar acima de 60 bilhões de reais para a área, se levadas em conta operações diretas e indiretas. Apenas em operações diretas, em que a liberação de recursos é feita diretamente pelo BNDES, o volume esperado é de 34 bilhões de reais a 35 bilhões de reais, contra 30 bilhões de reais em 2013.
Coutinho afirmou que o total de investimento prospectivo subiu na pesquisa semestral realizada pelo BNDES. A análise do presidente do banco de fomento é que as empresas podem ter segurado decisões de investimento no curto prazo. “Mas as perspectivas de investimento no médio prazo continuam firmes”, frisou.
Apesar disso, ele admitiu que o resultado do investimento no PIB nos três primeiros meses do ano “teve um pequeno impacto”. O banco de fomento ainda mantém sua projeção para o investimento em 2014. “Nós precisamos fazer as contas para ver dentro da nossa expectativa qual o impacto do primeiro trimestre”, disse.
(Com Estadão Conteúdo)