Por Tiago Pariz
BRASÍLIA, 25 Jan (Reuters) – Em mais uma ação para aumentar a liquidez das instituições financeiras, o Banco Central autorizou para 30 de janeiro o pleno funcionamento da Central de Cessões de Crédito (C3). Essa medida, tomada para diminuir o risco e dar mais transparência ao sistema, tem o potencial de injetar 111 bilhões de reais no mercado, segundo a autoridade monetária.
Ao diminuir o risco sistêmico dos repasses de consignado e de financiamento de veículos entre os bancos, os maiores beneficiados são instituições financeiras de pequeno e médio porte, cujo nicho de atuação são esses dois tipos de crédito.
Atualmente estão registradas na central de cessão de crédito 127 bilhões de reais em operações de consignado e financiamento de veículos, mas apenas 16 bilhões de reais foram vendidos para outras instituições. O BC espera que, com o pleno funcionamento da C3, apareçam mais bancos interessados em comprar esses créditos.
O BC percebeu que esse mercado estava travado pelo risco dessas operações.
No final do ano passado, também para injetar liquidez no mercado, a autoridade monetária alterou regras de recolhimento de compulsório a prazo, medida que tinha o potencial de injetar 30 bilhões de reais nas instituições.
Os estímulos ao sistema bancário ocorrem num momento em que os esforços do governo estão voltados para dar fôlego ao crescimento econômico. Além disso, o BC tem reiterado que não vê problema com a saúde do sistema financeiro.
TRANSPARÊNCIA
A partir do final do mês, todas as vendas de crédito estarão registradas na central. Antes, essas operações limitavam-se a ser anotadas apenas entre o vendedor e o comprador. Como é normal os bancos compradores repassarem esses créditos, havia o risco de se perder de vista sua origem. Com o registro na central, ficará claro para todos os participantes do mercado toda a cadeia de repasses e a origem da conta, disse o BC.
Segundo a autoridade monetária, todas as vezes que um crédito for cedido a outro banco, a operação deverá ser registrada na C3. “(O sistema) fará a transferência definitiva do ativo negociado simultaneamente à liquidação financeira definitiva”, diz um comunicado divulgado nesta quarta-feira pelo BC.
O sistema, que é operado pela Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), operava com autorização parcial desde o final de agosto do ano passado, realizando apenas o registro das operações.
De acordo com o comunicado, o sistema representa “importante aprimoramento na estabilidade e na eficiência do Sistema Financeiro Nacional e do Sistema de Pagamentos Brasileiro”.