BC nega plano para acabar com parcelamento sem juros no cartão
Segundo o presidente do BC, consumidor precisa saber que parcelamento tem juros: 'Nada é de graça'
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou que a autoridade monetária trabalha para reduzir distorções no mercado de cartão de crédito e os custos do sistema, mas ressaltou que não há planos para acabar com o parcelamento sem juros no cartão, como chegou a ser noticiado. “O consumidor precisa saber que o parcelamento tem juros, nada é de graça”, disse, ao responder perguntas de empresários em evento da Câmara Espanhola de Comércio no Brasil. “Estamos tentando mexer no sistema para eliminar distorções”, disse Ilan.
Na apresentação Ilan ressaltou que o BC quer estimular o uso de meios eletrônicos de pagamentos, como o cartão, para substituir o papel-moeda. De acordo com ele, o meio é mais eficiente e ajuda a evitar práticas como a lavagem de dinheiro. Ao falar da necessidade de financiamento de longo prazo, Ilan mencionou que inflação baixa e estabilidade macroeconômica são um “insumo” importante para permitir que esse mercado se desenvolva. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai continuar tendo seu papel, mas o mercado de capitais deve ganhar peso como financiador para projetos de infraestrutura, afirmou ele.
Proposta apresentada pela Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs) ao BC sugere a criação de uma nova modalidade de financiamento. O produto funcionaria como um crediário e prevê que lojistas recebam o valor integral diretamente dos bancos cinco dias após a compra – em troca, os consumidores passariam a negociar o pagamento diretamente com os bancos, que teriam autonomia para determinar como e em quantas parcelas o valor deve ser pago.
A Abecs diz que o novo produto não vai substituir o parcelamento do cartão de crédito. “A Abecs reitera que não existe qualquer proposta do setor para eliminar o parcelado sem juros do cartão de crédito e que jamais considerou essa possibilidade junto ao regulador.”
A Federação do Comércio de São Paulo (FecomercioSP) afirmou que é contrária à substituição pela nova modalidade, pois acredita que os comerciantes deveriam ter liberdade para “definir suas práticas de negócio”, “considerando sua capacidade, seus parceiros e a necessidade e conveniência de seus clientes”. Ainda assim, se o sistema for aprovado, a instituição defende que “o recebimento das vendas pelo lojista seja realizado no dia seguinte à operação, em vez de cinco dias”.