BRASÍLIA, 12 Abr (Reuters) – O governo endureceu o discurso e cobrou abertamente dos bancos privados que reduzam os juros para os consumidores. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, existem condições para que os bancos brasileiros deixem de ser os “campeões de spread no mundo”, referindo-se à diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada ao cliente.
“Os bancos têm margem para reduzir os juros e aumentar o volume de crédito”, disse Mantega nesta quinta-feira a jornalistas ao chegar ao ministério.
Em uma crítica aberta ao setor financeiro, Mantega afirmou que os bancos privados estão retendo crédito aos consumidores. Ele disse que não há justificativa para a cobrança dos níveis atuais de juros nos empréstimos a consumidores e empresas.
“A economia está sólida, a situação fiscal está ótima, estamos fazendo superávit e diminuindo a dívida”, declarou o ministro. “Os trabalhadores estão com mais salários e vontade de consumir, porém está havendo retenção de crédito por parte dos bancos.”
Segundo o ministro, os bancos privados captam recursos a 9,75 por cento ao ano e emprestam a 30, 40, 50 ou 80 por cento ao ano, dependendo das linhas de crédito. “Esta situação não se justifica”, declarou.
Ele criticou também o posicionamento da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), cujos representantes estiveram no Ministério da Fazendo na terça-feira para discutir o tema.
“O Murilo Portugal esteve aqui e, em vez de trazer soluções, veio fazer cobranças….Os bancos querem jogar a conta nas costas do governo.”
(Reportagem de Luciana Otoni)