Banco de desenvolvimento deve dominar a cúpula dos Brics
Presidente Dilma participa da 5ª cúpula do bloco, que ocorre na África do Sul. Países tratarão, ainda, do estreitamento de laços econômicos
A presidente Dilma Rousseff reúne-se, a partir desta terça-feira, com os presidentes da Rússia (Vladimir Putin), China (Xi Jinping) e África do Sul (Jacob Zuma), além do primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, durante a 5ª cúpula dos Brics, grupo que reúne as economias emergentes. O encontro ocorre na cidade sul-africana de Durban e vai se estender por dois dias. Durante as reuniões, os países discutirão, entre outros temas, a criação de um banco de desenvolvimento. A iniciativa permitiria que os países reunissem recursos para obras de infraestrutura e também poderia ser usada, no longo prazo, como instrumento de crédito durante crises financeiras globais como a que assola atualmente a Europa.
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Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também participa das reuniões, afirmou que os cinco países podem avançar nas negociações para criação do banco dos Brics e que, no encontro, discutirão o estreitamento de laços econômicos.
Em companhia do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, Mantega acrescentou ser possível ir adiante no debate sobre um acordo para uso conjunto de reservas cambiais, em caso de crise de liquidez ou ataque especulativo, o que daria cobertura quando faltassem recursos. Mantega ainda concluiu que os países avançados “estão crescendo pouco”, por isso os Brics “dependem cada vez mais de si mesmos”.
A cúpula tem como tema “A associação dos Brics e da África para o desenvolvimento, a integração e a industrialização” e terá a crise econômica mundial como pano de fundo. Os representantes dos cinco países também discutirão a implementação de um fundo conjunto de reservas em divisas estrangeiras, assim como de um centro de estudos próprio e de um conselho de negócios dos Brics. Os investimentos feitos na África pelos países do grupo, sobretudo a China, será outra das questões centrais da reunião, como indica o lema da cúpula.
Segundo dados do próprio grupo, os cinco países representam 42% da população mundial e 45% da força de trabalho existente no planeta. Em 2012, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul somaram 21% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, e o comércio entre eles alcançou 282 bilhões de dólares.
A sigla Bric foi cunhada em 2001 pelo economista Jim O’Neill, do Goldman Sachs, para descrever a guinada econômica global rumo aos mercados emergentes. A África do Sul aderiu ao grupo somente em 2010. Os países realizaram sua primeira cúpula em 2009 e têm sido criticados por constituir um bloco muito heterogêneo. Especialistas apontam que eles são nada além de uma mera sigla, já que têm dificuldades para encontrar uma causa comum a quatro continentes, com economias, sistemas de governo e prioridades radicalmente diferentes.