Agendada para esta semana, nos dias 13 e 14, a próxima sessão do Federal Reserve (Fed) – o banco central dos Estados Unidos – poderá sinalizar um breve cessar-fogo na progressão do aumento das taxas de juros. A autarquia já realizou pelo menos dez altas desde o ano passado numa tentativa de ajustar o índice de inflação para 2% a longo prazo e estimular a criação de empregos, reduzindo assim a taxa de desemprego. Contudo, a pausa que será discutida na reunião não necessariamente implica o fim dos aumentos. Ao contrário, parece mais um reposicionamento estratégico para avaliar o panorama econômico e determinar futuras medidas de aperto monetário.
Na reunião do mês passado, o indicador teve um novo aumento e foi fixado em 5% a 5,25% e o comitê informou, em comunicado, que continuava atento aos riscos de inflação. O Fed apontou uma ligeira recuperação em campos sensíveis para o país. “A atividade econômica expandiu-se por um ritmo modesto no primeiro trimestre. Os ganhos de empregos foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa”, informou. Disse ainda que “o sistema bancário dos Estados Unidos é sólido e resiliente”. Mesmo assim, afirmou que a situação é incerta, até porque as empresas ainda convivem com condições de crédito limitadas, algo que afeta também as famílias americanas.
Nesse cenário, analistas e até membros do comitê têm sinalizado a possibilidade de segurar a taxa de juros – equivalente ao Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), existente no Brasil – já no encontro desta semana.
No fim do mês passado, a agência Reuters noticiou que o candidato a vice-presidente do banco central americano, Philip Jefferson, manifestou em uma conferência em Washington que há inclinação para conter os aumentos. “Ignorar um aumento de juros em uma próxima reunião permitiria ao comitê ver mais dados antes de tomar decisões sobre a extensão do endurecimento adicional da política monetária.” Jefferson disse ainda que, tomada a decisão, ela “não deve ser interpretada como a taxa de pico para este ciclo”.
Os próximos passos do Fed estão sendo acompanhados de perto pelo Goldman Sachs, um dos mais importantes bancos de investimento do mundo. Em um relatório sobre a situação, avaliou que, embora um período de incremento nas taxas ainda seja possível, indicadores apontam uma diminuição no risco de recessão em larga escala e que o quadro caminha para a estabilização.