Auxílio emergencial assusta investidores, mas autonomia do BC segura bolsa
Logo após a fala de Bolsonaro sobre uma nova rodada do benefício, Ibovespa caiu 1.000 pontos, mas se recuperou e fechou em alta de 0,73%
O déficit fiscal ainda é o maior pesadelo dos investidores na bolsa brasileira e o Ibovespa refletiu este receio nesta quinta-feira, 11, após a declaração de Jair Bolsonaro sobre uma nova rodada do auxílio emergencial. De acordo com o presidente, o tema está em discussão nos poderes executivos e legislativos, mas “quase com toda a certeza” será pago em três ou quatro parcelas a partir de março. Logo após a afirmação, o Ibovespa caiu mais de 1.000 pontos, mas se manteve no positivo e recuperou as perdas no final da tarde, fechando em alta de 0,73%, a 119.299 pontos, após três pregões consecutivos de queda.
A bolsa brasileira fechou em alta em grande parte devido à aprovação do projeto que dá autonomia para o Banco Central. O texto, que passou na quarta-feira pela Câmara dos Deputados é um passo importante que dá credibilidade ao Brasil frente aos investidores internacionais. Além disso, as bolsas americanas não amargaram quedas após a forte alta que ocorreu na véspera. O S&P 500 fechou em alta de 0,17%, a 3.916,38 pontos, e o Dow Jones praticamente no zero a zero, a -0,02%, a 31.430,70 pontos. Como os mercados americanos influenciam diretamente na bolsa brasileira, a conjuntura ajudou a sustentar o Ibovespa nesta quinta, mesmo com todo o temor fiscal.
O grande problema por trás do auxílio emergencial — e que desanima os investidores — é o teto de gastos, que ainda está em jogo e pode ser violado para garantir a aprovação do benefício social. “Essa contrapartida não seria por novas alternativas de receita, agenda de reformas ou redução de gastos, mas sim por uma nova ‘PEC da Guerra’ com uma cláusula de calamidade pública, como citado por Guedes nesta semana” , diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.
Apesar de a bolsa ter fechado em alta, a possibilidade de aumento do déficit fiscal já refletiu no risco do país e impactou em um aumento da curva de juros longa, que reflete a precificação do mercado para financiar a dívida pública brasileira. Para 2026, o índice subiu 0,29% e ficou em 6,81%. O dólar, por sua vez, que também precifica o risco do país fechou em alta de 0,32%, a 5,3883 reais. A moeda brasileira continua na contramão da desvalorização da moeda americana no cenário internacional. O DXY, índice que mede a força da moeda americana em relação a uma cesta de moedas estrangeiras, principalmente o euro, está em 90,3, número baixo quando comparado ao seu desempenho histórico.