Ativos à venda da OAS cobrem apenas 32% da dívida
Segundo relatório obtido por jornal, empresa deve levantar, no máximo, R$ 2,76 bilhões caso consiga interessados para todos os bens e obras

Um relatório apresentado aos credores do grupo OAS, que pediu recuperação judicial no fim de março, estima que a empresa pode levantar, no máximo, 2,76 bilhões de reais, caso consiga interessados para todos os ativos que colocou à venda. Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o valor seria suficiente para cobrir só 32% da dívida da empresa, envolvida na Operação Lava Jato. O valor da dívida é estimado em 8,8 bilhões de reais, mas pode chegar a 10,5 bilhões de reais com a reserva para possíveis perdas (contingenciamento).
A avaliação do quanto a empresa pode levantar é fundamental para os credores, que terão de negociar com a companhia a quantia a ser recebida e em quanto tempo. Quanto mais dinheiro em caixa a empresa tiver, maior a chance de ter os valores pedidos de volta. Os termos de pagamento têm de estar no plano de recuperação judicial, que precisará ser aprovado pela maioria dos credores. Caso contrário, será decretada a falência do grupo.
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Segundo a OAS, o plano de recuperação judicial incluirá o s recursos das vendas dos ativos e também receitas futuras da construtora, que ela pretende manter. “Dessa forma, a viabilidade do plano não será olhada pelos credores apenas sob a ótica dos desinvestimentos”, informou.
Calote – A OAS tem mais de vinte obras de infraestrutura no país – a maior parte conseguida por meio de contratos com estatais, com o governo federal e com governos estaduais. Se, em decorrência da Lava Jato, a construtora for declarada inidônea, ela perderá seu maior cliente, a União.
Desde o final do ano passado, a empresa tem dado o calote em credores de sua dívida. Por isso, foi rebaixada pelas agências de classificação de risco à categoria “junk”. Isso significa que os investidores que compraram títulos da empresa correm sério risco de não receber de volta os rendimentos.
Atualmente, alguns fundos credores, como o Blackrock, estão vendendo os papéis da OAS no mercado secundário para fundos especializados em ativos podres, os chamados “fundos abutres” – os mesmos que detém boa parte da dívida da Argentina e hoje cobram um prêmio altíssimo para renegociá-la.
(Da redação)