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As sinalizações de Galípolo ao mercado antes do próximo Copom

O diretor de política monetária do BC afirmou que a autarquia entrou em um período de maior cautela, elevando as expectativas de manutenção da Selic

Por Luana Zanobia Atualizado em 17 jul 2024, 17h37 - Publicado em 17 jul 2024, 12h41

O diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, o mais cotado para substituir o presidente Roberto Campos Neto ao fim de seu mandato, afirmou que o Banco Central entrou em um período de maior cautela, influenciado por um cenário econômico complexo tanto no âmbito internacional quanto no doméstico.

Na declaração, dada na última terça-feira 16, Galípolo destacou que os juros mais altos nos Estados Unidos e a valorização do dólar são motivos de preocupação para o Banco Central, especialmente para economias emergentes como o Brasil.

Embora o BC tenha decidido não dar sinalizações sobre os próximos passos em relação à taxa Selic, as declarações de Galípolo sugerem que a autoridade monetária tende a manter os juros no atual patamar de 10,5% na próxima reunião, marcada para os dias 30 e 31 de julho.

“Somado ao fato de uma preocupação relacionada à reprecificação da política monetária norte-americana, que o mundo todo está aguardando os próximos passos, e que com juros mais altos (nos EUA) a valorização do dólar sempre provoca algum tipo de dificuldade do ponto de vista cambial para países emergentes. Então, migramos para um período com um pouco mais de cautela”, disse Galípolo na terça-feira, em evento promovido pelo Sicredi em Goiás.

No cenário doméstico, questões fiscais têm gerado instabilidade no câmbio, criando um ambiente desafiador para a política monetária. Na manhã de terça-feira, em entrevista à TV Record, o presidente Lula mencionou que o governo poderia descumprir a meta fiscal “se houver coisas mais importantes a serem feitas”. No mesmo dia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que possivelmente haverá bloqueios e contingenciamentos no Orçamento, mas que os números ainda seriam apresentados ao presidente Lula. As declarações são díspares e revelam uma falta de entendimento comum entre o Executivo e o Ministério da Fazenda.

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As declarações de Gabriel Galípolo e do presidente Lula impactaram o Ibovespa, que encerrou o pregão em queda pela primeira vez desde o dia 1º de julho, interrompendo 11 sessões consecutivas de alta. Além das falas do diretor de política monetária, a pressão negativa também veio da Vale, que contribuiu para a retração do índice. Nesta quarta-feira 17, o Ibovespa mostrou sinais de recuperação, porém o dólar registrou uma alta de quase 1%.

Inflação

Mesmo com a recente melhora nos dados de inflação, Galípolo alerta para a piora nas expectativas inflacionárias. O aquecimento do mercado de trabalho, que poderia ser um indicativo positivo de crescimento econômico, é visto com preocupação pelo Banco Central, pois pode significar um processo de desaceleração da inflação mais lento.

“Óbvio que todos ficam contentes em saber que o rendimento está crescendo, que as pessoas estão encontrando mais oportunidade, mais emprego, mas a função do Banco Central é ser mais cuidadoso, porque são indícios de uma economia que está mais aquecida e pode significar um processo de desinflação mais lento”, afirmou.

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O mercado de trabalho aquecido nos Estados Unidos também é uma preocupação do Federal Reserve (Fed), o banco central americano. Esse cenário tem sido um dos motivos que influenciam a decisão da autoridade monetária de manter os juros altos, devido à pressão inflacionária gerada pelo aquecimento do mercado de trabalho. Com mais empregos, há um aumento no consumo, o que, por sua vez, impacta a inflação.

Compromisso com a meta 

Galípolo reafirmou o compromisso do Banco Central com a meta de inflação, negando qualquer risco de descumprimento após as mudanças que entrarão em vigor a partir de 1º de janeiro de 2025, quando Campos Neto deixará a presidência. A mudança prevista alterará o sistema de metas, passando de um ano-calendário para um sistema contínuo, alinhando o Brasil com a pratica internacional.

“O horizonte da política monetária extrapola muitas vezes o ano-calendário”, disse. Essa adaptação visa proporcionar maior flexibilidade e precisão na condução da política monetária, permitindo uma resposta mais eficaz às variações econômicas ao longo do tempo. Galípolo enfatizou que essa mudança será fundamental para manter a estabilidade econômica e assegurar o cumprimento das metas de inflação estabelecidas.

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