Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

As possíveis consequências para o Brasil da alta da taxa de juros nos EUA

Fed aumentou a taxa de juros em 0,5 ponto percentual para domar a inflação; Brasil deve enfrentar perda de investimento estrangeiro

Por Renan Monteiro Atualizado em 5 Maio 2022, 09h53 - Publicado em 4 Maio 2022, 18h17

A quarta-feira, 4,  marcou o maior aumento da taxa básica de juros do Fed, o banco central dos EUA, desde 2000. O aumento em 0,5 ponto percentual é o segundo no ano e busca a redução da inflação no território americano, que atingiu 8,5% em março, na base anual. O movimento do Fed mira a inflação americana, porém, desencadeará possíveis efeitos no mercado externo, em especial nos países emergentes como o Brasil. Os títulos do Tesouro americano são considerados os mais seguros do mundo, e com o aumento de juros, tornam-se mais rentáveis para os investidores. Maior rentabilidade e segurança é o combo necessário para atrair investimento.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, o principal respingo no mercado brasileiro com a medida do Fed é a possível fuga de investimentos estrangeiros, forte em setores como a mineração e agropecuária. No atual contexto do Brasil, esse indicador compromete ainda mais a economia brasileira. “Para o crescimento da atividade econômica, importa também o investimento de longo prazo, que é a formação bruta de capital fixo. E esse investimento nós não observamos pelo fluxo do mercado financeiro e sim pelo Investimento Estrangeiro Direto (IED). O governo no Brasil tem as suas limitações, há pouco recurso para promover um investimento estrutural e o investimento privado e estrangeiro para alguns setores é primordial”, cita. 

Na avaliação de Denis Medina, economista e professor da FAC-SP (Faculdade do Comércio), no curto prazo a medida do Fed pode impactar diretamente o nível de investimento no Brasil, sendo difícil precisar as consequência de médio e longo prazo, dada o grande número de variáveis. “Um pequeno aumento na taxa de juros dos EUA (em março) já fez alguns investidores retornarem para o país, com o aumento maior (desta quarta) é outro estímulo para o retorno de capital aos EUA e isso pode impactar principalmente na bolsa de valores, fazendo ela recuar um pouco mais”, avalia. 

Apesar do aumento de meio ponto percentual, o mercado financeiro brasileiro reagiu bem à alta dos juros por lá. Isso porque Jerome Powell, presidente do Fed, disse que em nenhum momento foi cogitado um acréscimo maior do que o meio ponto percentual, como mostra VEJA Mercado. Com o temor de um  aumento ainda mais afastado, os investidores se acalmaram e, em primeiro momento, a onda é positiva, mas é necessário atenção para o fluxo dos estrangeiros.

Continua após a publicidade

Tendências

No primeiro trimestre no Brasil, a alta nos preços dos commodities atraiu investimento externo no país e fez o real se valorizar em relação ao dólar. Atraídos, a princípio, pela rentabilidade com a taxa de juro de dois dígitos, os investidores começaram a repensar as suas decisões de investimento a partir de dois estímulos principais: a elevação inicial da taxa de juros nos EUA (em março) e o lockdown na China.

“No primeiro trimestre, o real se valorizou em relação ao dólar cerca de 15%. Quando veio o contexto do lockdown na China e a desaceleração da atividade econômica por lá, essa visão em relação às commodities ficou um pouco comprometida, principalmente as commodities metálicas, aumentando a aversão ao risco. Era isso que estava dando ímpeto à bolsa brasileira até março”, menciona Camila Abdelmalack.

No segundo trimestre de 2022, com uma eventual fuga de investimentos externos no Brasil – a partir da alta dos juros anunciada pelo Fed e a aversão ao risco com as commodities – o real pode ser desvalorizado ainda mais em relação ao dólar. Uma possível consequência, de médio prazo, é o maior impacto na inflação. “A gente só não viu uma inflação ainda mais forte devido à valorização recente da nossa taxa de câmbio no Brasil. A partir do momento que o real começa a perder força em relação ao dólar, talvez nós possamos sentir mais efeito na inflação, principalmente com os bens industrializados”, analisa Abdelmalack.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.