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As estratégias do Brasil para a moeda comum (e não única) com a Argentina

Além da moeda, governo Lula pretende ampliar oferta de crédito ao país por meio de fundo garantidor; Haddad explicou detalhes em coletiva

Por Luisa Purchio Atualizado em 23 jan 2023, 22h29 - Publicado em 23 jan 2023, 20h08
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  • Em entrevista coletiva à imprensa realizada no início da noite no horário de Brasília desta segunda-feira, 23, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, esclareceram quais são os planos dos dois países na área de comércio exterior, em compromissos firmados na primeira viagem diplomática de Luiz Inácio Lula da Silva após a sua eleição. Entre elas, está a criação de um grupo de estudos de uma moeda comum entre os dois países, podendo se estender aos demais países do Mercosul, e o financiamento de exportações por meio de carta de crédito do Banco do Brasil.

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    Na entrevista, Haddad foi enfático ao afirmar que pessoalmente não é a favor de uma moeda única aos moldes do que foi feito com o euro na União Europeia, onde os países membros do bloco substituíram suas moedas locais por uma moeda comum. “Nunca pensei que fosse viável uma moeda única nos moldes da União Europeia. Há uma enorme diferença entre uma moeda única e ter uma unidade de troca comum”, disse ele.

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    A principal diferença entre os dois modelos é que a moeda comum não substituiria as moedas dos países da região, mas funcionaria paralelamente a elas. Um economista especializado em comércio exterior que não quis se identificar afirmou a VEJA que um dos caminhos para esse modelo é ele funcionar nos moldes do que foi feito entre as relações comerciais entre o Brasil e Angola. O país africano honrava sua dívida com o Brasil por meio de fornecimento de petróleo, sendo que o pagamento do Brasil à Angola era computado em uma conta comum, via unidade de conta. Dessa maneira, se garantia as trocas comerciais entre os dois países.

    O modelo em estudo entre Brasil e Argentina, por exemplo, poderia ser feito via fornecimento de gás argentino para o Brasil, que ficaria computado em uma conta comum entre os dois países. Neste caso, no entanto, a parceria dos países visa se expandir por meio de financiamento do BNDES à gasoduto na Argentina, conforme anunciou Lula. Ainda assim, economistas chamam atenção para os riscos que o Brasil enfrentará para estabelecer uma moeda comum entre os países. “O preço de referência vai ser um complicador, porque dependendo da situação da Argentina ele vai perder valor muito rápido. A dificuldade é a unificação dos modelos econômicos da Argentina e do Brasil”, diz Alexandre Chaia, professor de finanças do Insper e sócio da Atrio Asset.

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    Financiamento via Banco do Brasil

    Em função da crise econômica e da falta de reservas internacionais em dólar que a Argentina enfrenta, Haddad afirmou que a relação comercial entre os dois países vem sendo prejudicada em detrimento de países que têm capacidade de oferecer crédito para a Argentina por mais tempo — atualmente, o Brasil oferece crédito para o país de até 30 dias.

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    Na prática, as vendas brasileiras para a Argentina diminuíram em função das dificuldades que a Argentina enfrenta para pagá-las em dólar, o que vai contra os planos do governo de reindustrializar o país — vale lembrar que o principal produto exportado pelo Brasil ao país são peças automotivas. Por isso, o ministro brasileiro anunciou a criação de um fundo soberano que garantirá os riscos de conversibilidade do peso para o real para o financiamento por meio de carta de crédito do Banco do Brasil.

    “O Banco do Brasil não vai tomar risco nenhum dessa operação de crédito para exportação. Nós vamos ter um fundo garantidor soberano, que vai garantir as cartas de créditos emitidas pelo Banco do Brasil para exportadores brasileiros. Nem o banco argentino que tiver financiando o importador, nem o Banco do Brasil que estiver garantindo exportador, estão envolvidos no risco”, disse Haddad. “O Banco do Brasil assume compromisso com empresas brasileiras, Banco de La Nación assume compromisso com empresas argentinas”, disse Massa.

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    Para especialistas, no entanto, mesmo com o fundo garantidor o Brasil pode se prejudicar no fornecimento de crédito à Argentina, tendo em vista a instabilidade do peso argentino em função da crise econômica que o país sofre. “No final, a conta do risco será paga por alguém, no caso os contribuintes brasileiros”, diz Chaia.

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