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Artigo: Tecnologia não é tudo

A digitalização traz oportunidades, mas é preciso olhar para o fator humano para uma melhor experiência no setor do turismo

Por Fabio Godinho
29 nov 2024, 06h00

O setor de turismo passou por transformações significativas nos últimos anos. A demanda por viagens, que havia diminuído drasticamente, agora se recupera com consumidores de todas as idades e origens. No cenário atual, as empresas de turismo estão se reinventando para atender a essa nova realidade, enfrentando desafios e aproveitando oportunidades que surgem no novo momento. A CVC Corp realizou mudanças estruturais importantes após a pandemia. Com a volta da família Paulus ao conselho da companhia, houve um esforço para restaurar os negócios, trazendo de volta profissionais experientes do setor e trabalhando para modernizar o negócio. Isso foi fundamental para recuperar o grau de investimento da empresa, demonstrando a sua capacidade de adaptação em tempos difíceis.

Um dos desafios enfrentados pelas empresas de turismo é a compreensão das novas expectativas dos consumidores. A personalização das experiências de viagem tornou-se prioridade. Nesse contexto, a CVC apostou na integração do físico com o digital — o conceito conhecido como “figital”. Essa abordagem reconhece que a jornada do cliente não é mais linear, exigindo que as empresas entendam o caminho que o consumidor percorre, utilizando dados para aprimorar a comunicação e as ofertas. Com 50% das pessoas que visitam as lojas da CVC sendo indicadas pelo meio digital, e até 80% das vendas em algumas lojas sendo figitais, fica claro que essa estratégia está se tornando um diferencial competitivo. Outra tendência que se destaca é a busca por produtos exclusivos e experiências personalizadas. O viajante valoriza a singularidade e a possibilidade de vivenciar algo que não é comum.

“Passamos por uma fase de reinvenção, repleta de oportunidades”

Um estudo realizado pela consultoria McKinsey mostrou que viajar tornou-se prioridade, especialmente entre as gerações mais jovens. A geração Z faz, em média, quase cinco viagens por ano, priorizando experiências em vez de posses, uma tendência que se fortaleceu nas últimas décadas. Por outro lado, os baby boomers, embora gastem três vezes mais em viagens que a geração Z, tendem a valorizar a conveniência e a qualidade das acomodações, preferindo destinos que minimizem o estresse.

O futuro do turismo dependerá da capacidade de as empresas se adaptarem às novas demandas dos consumidores, utilizando dados para melhor entender o perfil de viajante que desejam atrair. O setor deve continuar a explorar as oportunidades oferecidas pela digitalização, mas sempre com um olhar atento para a importância do fator humano nas relações de consumo. Passamos por uma fase de reinvenção, repleta de oportunidades, mas também de desafios. As empresas que conseguirem entender as novas dinâmicas de consumo e se adaptarem a elas estarão mais bem posicionadas para prosperar em um mercado em constante evolução. A capacidade de personalizar experiências, alavancar a tecnologia e manter o toque humano será fundamental para o sucesso no setor.

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Fabio Godinho é presidente da CVC Corp

Os textos dos colunistas não refletem necessariamente as opiniões de VEJA NEGÓCIOS

Publicado em VEJA, novembro de 2024, edição VEJA Negócios nº 8

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