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Argentina quer desbloqueio de pagamento de sua dívida para negociar com credores

Autoridades do país se encontrarão com a Justiça americana para discutir a liberação do depósito de mais de US$ 1 bilhão realizado na segunda-feira

Por Da Redação
2 jul 2014, 14h51

A Argentina pressionará o juiz americano Thomas Griesa a aceitar o depósito de aproximadamente 1 bilhão de dólares como forma de pagamento de juros aos credores que já haviam renegociado seu débitos em 2005 e 2010. O chefe de gabinete, Jorge Capitanitch, disse nesta quarta-feira que essa condição é fundamental para que o país negocie com os fundos holdouts, que não aceitaram a negociação da dívida. “Isso condiz com nossa intenção de respeitar a reestruturação de 92,4% de nossa dívida (já renegociada) e dará condições justas para todos os credores”, disse Capitanich. “Vamos à reunião com esse objetivo.”

Os holdouts, que respondem por menos de 8% do total da dívida argentina, ganharam recentemente na Justiça americana o direito de ter 100% de sua dívida paga pela Argentina. Tais fundos são considerados espécie de agiotas do mercado financeiro. Compram papéis da dívida de países em default por valor irrisório para depois acionarem o país na justiça e receber ganhos muito acima dos demais credores. Os holdouts, também chamados de ‘abutres’ no mercado financeiro, compraram os papéis da dívida argentina por 48,7 milhões de dólares e querem receber 832 milhões de dólares por meio da Justiça. Contudo, o governo de Cristina Kirchner não quer pagar o valor integral, temendo que os demais credores comecem a questionar a renegociação já feita.

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A Argentina efetuou o pagamento de juros de sua dívida reestruturada na última segunda-feira, no entanto, o depósito foi bloqueado pelo juiz Thomas Griesa, de Nova York. Segundo Griesa, o governo argentino precisa chegar a um acordo com os credores holdouts (também chamados de fundos abutres pelo seu caráter especulativo) antes que as parcelas devidas aos demais credores sejam pagas.

O que são fundos abutres?

Fundo abutre é um jargão do mercado financeiro usado para classificar fundos de hedge que investem em papéis de países que deram calote – atuam, em especial, na América Latina e na África. Sua atuação é perfeitamente legítima. O termo abutre foi criado para diferenciá-los dos fundos convencionais, justamente por trabalharem como ‘agiotas’ de países caloteiros, emprestando dinheiro em troca de ‘títulos podres’. São considerados pelo mercado uma espécie de ‘investidor de segunda linha’. Sua atuação consiste em comprar títulos da dívida de nações em default por valor irrisório para depois acionar o país na justiça e tentar receber ganhos integrais. Os ‘abutres’ compraram os papéis da dívida argentina por 48,7 milhões de dólares em 2001 e querem receber, hoje, cerca de 1 bilhão de dólares. A Argentina, por sua vez, tenta escapar do pagamento. O país teme que, caso aceite pagar os ‘abutres’ integralmente, os 92% de credores que aceitaram a renegociação da dívida em 2005 e 2010 possam buscar na Justiça o direito de receber ganhos integrais. Neste caso, o pagamento poderia reduzir as reservas internacionais do país a praticamente zero. Outro agravante é que, devido ao histórico de calotes e decisões econômicas escandalosas do país, sua credibilidade para negociar com credores está fortemente abalada.

Diante disso, o governo argentino decidiu enviar uma equipe aos EUA na próxima semana para falar sobre as condições de negociação com um mediador designado pelos tribunais. O vencimento dos juros sobre a dívida argentina aconteceu nesta segunda, mas o calote só considerado em 30 de julho, caso o país não honre seus compromisso com os holdouts até lá.

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Contexto – O país comandado por Cristina Kirchner encontra-se à beira de um novo calote devido a uma série de decisões judiciais nos Estados Unidos que obrigaram o país a negociar com investidores que não aceitaram reestruturar seus títulos, após a crise da dívida de 2002. Pouco mais de 92% dos investidores do país aceitaram receber menos de 30 centavos para cada dólar nas restruturações de 2005 e 2010. Os restantes, entretanto, recusaram os termos em busca do pagamento total da dívida. Ainda sim, afirmam que estão dispostos a negociar. A Argentina já deu um calote há doze anos.

(com agência Reuters)

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