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Aposente-se mais cedo mudando para uma cidade menor

Por The New York Times
19 mar 2011, 15h52

A sensação é a de quem comprou gato por lebre. Pessoas que passaram suas vidas produtivas acreditando que se aposentariam por volta dos 65 anos hoje estão verificando suas finanças e concluindo que isso não será possível. A recessão – e mesmo os gastos que tiveram – engoliu uma boa parte das suas poupanças.

Hoje em dia muitos estão dispostos, e até ávidos, por continuar trabalhando até que suas economias para a aposentadoria aumentem. Mas para aqueles que desejam se aposentar o mais cedo possível ainda há uma forma de deixar de trabalhar da qual se pode tirar bastante vantagem: mudar-se para uma região mais barata.

Esta via para se aposentar cedo não é para todos e favorece mais aqueles que moram em regiões com alto custo de vida e os que contam com crédito imobiliário significativo – devido, normalmente, a terem quitado suas hipotecas, ou a maior parte delas – para investir.

Além disso, a decisão de vender uma casa onde se vive há muito tempo, repleta de lembranças, pode ser dolorosa emocionalmente. Deixar uma região em que se tem uma forte rede de amigos, vizinhos, parentes e prestadores de serviços, não é fácil. A própria dificuldade de vender uma casa, comprar uma nova e fazer a mudança pode ser estressante e até inviável neste mercado.

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Mas dependendo da “conjunção astral”, mudar-se como parte de um plano de aposentadoria pode ser uma aventura que resulta numa vida mais rica, tanto emocionalmente quanto financeiramente. Planejar com antecedência é crucial para esta estratégia e hoje em dia isso dá tempo para que o mercado imobiliário melhore.

“Dois anos não é tempo demais para se pensar para onde se quer ir,” afirmou Bert Sperling, fundador e presidente do site Sperling’sBestPlaces.

As diferenças entre regiões de alto custo de vida e regiões de baixo custo de vida (mas atraentes) podem ser profundas. De acordo com o site Bankrate.com, que permite calcular o custo de vida gratuitamente, o preço médio de um imóvel na região de São Francisco é de 813.000 dólares; de 419.000 dólares em Boston; e de 361.000 dólares em Chicago. Compare estes preços com os de Asheville, Carolina do Norte, de 284.000 dólares; Lexington, Kentucky, de 259.000 dólares; e de Boise, Idaho, de 254.000 dólares. Mude-se para um imóvel menor em uma dessas regiões e a diferença de preços será ainda mais substancial.

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Em geral, pesquisas relativas à aposentadoria são maçantes, mas pesquisar sobre onde se quer viver pode ser divertido. Sperling aconselha que você concentre sua busca em determinadas cidades e viaje a passeio para esses lugares para ver se gosta. Converse com moradores do lugar, descubra como é a vida por lá e quais bairros seriam adequados para você. Quando voltar, leia os jornais locais pela internet para verificar se a região não está enfrentando grandes cortes orçamentários ou altos índices de violência. Lembre-se de que você pode alugar um imóvel em uma nova região – e quem sabe alugar aquele que você possui – antes de fechar negócio, afirma.

A maioria das pessoas que se mudam para uma cidade menor querem ter certeza de que estarão perto de um grande aeroporto, diz o ex-editor do The New York Times, Fred Brock, autor de “Retire on Less Than You Think” – algo como “Aposente-se por Menos do que Você Imagina”. Devido à probabilidade crescente de se ter problemas de saúde, eles também querem estar próximos a serviços de saúde de alta qualidade. “Você não vai querer se mudar para um lugar bonito e barato mas em que o hospital mais próximo fique a 160 quilômetros de distância”.

Brock, aliás, se aposentou aos 66 anos e vive hoje em Green Valley, Arizona, perto de Tucson, onde moradia, tributos sobre imóveis e seguro de automóvel custam muito menos do que quando ele vivia em Montclair, Nova Jersey, sete anos atrás. Confira os tributos que incidem sobre imóveis, sobre vendas de bens e sobre a renda em sua possível nova região e saiba que alguns estados tributam retiradas da pensão enquanto outros, não. Lembre-se, entretanto, que em se tratando de tributos, os estados provavelmente “te pegarão de um jeito ou de outro,” afirma Sperling, então não baseie sua decisão unicamente no impacto tributário.

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Cidades pequenas com grandes universidades têm atraído aposentados com seu custo de vida reduzido e suas atrações culturais. “Numa cidade universitária você tem as vantagens de uma cidade grande sem as despesas de uma cidade pequena”. Alguns aposentados voltam para suas cidades de origem. Susan SadlerHayman, da Universidade do Mississippi, turma de 1963, decidiu voltar em 2009. Ela era comissária de bordo da American Airlines e estabelecida em Dallas quando se aposentou, em 2004. Seu segundo marido havia morrido em 2001 e com filhos e enteados já adultos, sua casa de quatro dormitórios era grande demais, mas ela não conseguia encontrar uma casa adequada e dentro do seu orçamento em Dallas.

Finalmente Susan decidiu se mudar para uma casa menor em Oxford, com população de 19.000 habitantes, onde preços de moradia, tributos e serviços, segundo ela, são todos mais baratos. Mudar-se para um imóvel menor estica as economias da aposentadoria e, mais do que isso, oferece uma excelente oportunidade para enxugar os gastos. Hayman, que está hoje com 69 anos, disse que avaliou cada um dos objetos em todos os cômodos de sua antiga casa e se perguntou: ‘eu quero guardar, vender ou doar isso?’ Agora ela trabalha meio período como consultora pessoal certificada e parte do seu trabalho é ajudar outras pessoas a economizarem também.

A casa de Dallas abrigava lembranças de seu marido falecido e de sua família e ela sente falta dos vizinhos e das velhas e lindas árvores no seu jardim. Mas fez novos amigos em Oxford, alguns deles através de um grupo de estudos sobre William Faulkner e através de um clube de novos moradores da cidade. E Susan se reaproximou de alguns de seus antigos amigos de faculdade que também voltaram para lá.

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Sua casa em Oxford tem atrativos próprios: fica num lago e tem um grande deck e é ampla o suficiente para receber os familiares, que frequentemente a visitam, tomando um avião até o aeroporto de Memphis, a uma hora e meia de distância.

Não exclua grandes regiões metropolitanas, diz Sperling – você pode reduzir custos vivendo em determinados subúrbios ou a uma ou duas horas de distância de uma cidade grande, onde os preços de imóveis são consideravelmente mais baratos. Viver próximo ao centro não é tão prioritário sem a locomoção para o trabalho.

Foi isso que Jean Broom fez, e como uma locatária antiga em Manhattan, não tinha patrimônio imobiliário ao qual recorrer. Vários anos atrás ela usou as economias de seu trabalho como profissional de recursos humanos para comprar um apartamento de dois quartos em Evanston, Illinois, perto de Chicago, por cerca de 300.000 dólares. Muito mais barato do que se ela tivesse tentado comprar um local semelhante em Manhattan.

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“Os preços estavam tão loucos em Manhattan que eu não tinha segurança de que poderia ficar ali em longo prazo”, afirma.

Broom, 65 anos, habituada a bastante vida cultural, gosta de estar perto da Universidade de Northwestern, onde ela frequenta cursos sobre religiões do sudeste asiático e sobre a história do teatro musical. Portanto para os que sempre acreditaram piamente que poderiam se aposentar na casa do 60 anos: Sim, ainda é possível fazê-lo, com a combinação certa de economias, crédito imobiliário advindo de quitação da hipoteca, associados à predisposição para se mudar.

Isso pode não ser fácil. “Não quero que ninguém pense que estou dizendo que está tão fácil se aposentar como há cinco ou seis anos”, afirma Brock. Não é. Mas para ele o que dói é pensar que há pessoas que acreditam não poder se aposentar quando, na verdade, podem.

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