A fumaça branca saiu das chaminés de Brasília na noite de ontem, quando o ministro Fernando Haddad (Fazenda) fez um pronunciamento à nação anunciando cortes de gastos, medida ansiada pela Faria Lima há semanas. Só que a mensagem não veio como esperado por investidores. Trata-se de política, afinal de contas.
Haddad fez um morde e assopra. Afirmou que o governo deve reduzir despesas na ordem de R$ 70 bilhões em uma janela de dois anos. Mas concedeu do outro lado, entregando uma promessa de campanha: isenção de Imposto de Renda para ganhos de até 5.000 reais, com aumento da alíquota para rendimentos acima de R$ 50 mil.
Quando a imprensa começou a divulgar que o aumento da faixa de isenção de IR iria compor o pacote de corte de gastos, na tarde de ontem, o dólar disparou para R$ 5,91, o recorde (em termos nominais) do plano real.
E a queixa da Faria Lima ficou entre a falta de firmeza em comunicar a população sobre a necessidade de ajuste das contas e a falta de detalhes sobre o que será cortado.
A divulgação técnica do pacote ficou para logo mais, às 8h, em uma entrevista à imprensa. E investidores brasileiros terão toda a atenção do mundo. Hoje é feriado nos Estados Unidos, o que significa que a bolsa brasileira não deve sofrer a tradicional interferência do noticiário internacional. Por outro lado, isso também reduz o volume de negócios e a diversidade de análises sobre a real qualidade do pacote proposto pelo governo. Tem tudo para ser um dia agitado na Faria Lima.
Agenda do dia
8h: Ministérios da Fazenda, Planejamento e Casa Civil concedem entrevista sobre corte de gastos
8h: IGP-M de novembro
8h30: BC divulga nota de crédito de outubro
9h: IBGE anuncia IPP de outubro
18h45: Diretor do BC Gabriel Galípolo fala em evento do Esfera Brasil