
A Argentina pediu que a Petrobras aumente sua participação no negócio petroleiro no país, após expropriar a companhia YPF, controlada pela espanhola Repsol, disse nesta sexta-feira o ministro argentino do Planejamento, Julio de Vido.
“Não pretendemos que a Petrobras seja a substituição da Repsol, mas queremos que aumente sua participação nas áreas que têm atribuídas”, disse De Vido, interventor do YPF, em uma coletiva de imprensa junto ao ministro brasileiro de Energia, Edson Lobão.
De Vido informou que o aumento envolve um “maior investimento” por parte da Petrobras, que passou de uma participação de 12% no mercado petroleiro argentino em 2003 a 8% atualmente.
O argentino reiterou que estão em andamento negociações com a francesa Total para que esta também eleve sua participação no setor.
Além disso, antecipou sua intenção de se reunir com as empresas Sinopec (China), Chevron e ConocoPhillips (Estados Unidos).
A Petrobras perdeu no início de abril a concessão de uma área de exploração petroleira em Neuquén (sudoeste da Argentina) por decisão das autoridades provinciais, que alegaram falta de investimentos.
Os governos de ambos os países estão negociando uma saída para esta controvérsia, segundo os ministros.
“Acreditamos que a Petrobras pode estar em 15% da produção. Viemos buscar maior produção, maior investimento, nas mesmas jazidas que tem”, enfatizou De Vido.
Já Lobão disse que a Petrobras “investirá tudo o que puder” na Argentina, mas que qualquer decisão está condicionada aos seus planos para explorar as gigantescas jazidas encontradas em águas brasileiras ultraprofundas, conhecidas como “pré-sal”.
“A Petrobras investiu no ano passado na Argentina 500 milhões de dólares”, neste ano está investindo o mesmo valor “e faremos um esforço para ampliar isso”, disse Lobão.
Além disso, descartou que o Brasil tema uma eventual ação contra a Petrobras após o anúncio do governo argentino de nacionalizar a YPF.
“Não tenho razões para duvidar do governo argentino. (…) As relações são as melhores possíveis, e no (setor de) energia mais” ainda, indicou.
Segundo Lobão, o aumento da participação brasileira no setor energético argentino pode ser gradual. “Não necessariamente tem que ser alcançada neste ano” este aumento, indicou.
O governo argentino anunciou na segunda-feira sua decisão de nacionalizar 51% das ações da YPF, a filial argentina da Repsol, e ampliou posteriormente a expropriação à companhia YPF Gas, também controlada pela Repsol.
A decisão desencadeou uma crise entre os governos de Argentina e Espanha, e foi duramente criticada por União Europeia, Estados Unidos, pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
O governo de Cristina Kirchner justificou a decisão alegando que a Repsol descumpriu investimentos e forçou a Argentina a duplicar suas importações de hidrocarbonetos.
Apesar da pressão internacional, De Vido enfatizou que a medida não “está em revisão nem será revertida”.