Washington, 14 mai (EFE).- A economia da China cresceu quase 550% nas últimas duas décadas, mas sua população não está mais satisfeita por isso e existe um desgosto crescente pela brecha entre ricos e pobres, segundo um artigo publicado nesta segunda-feira pela revista ‘Proceedings of the National Academy of Sciences’.
A pesquisa foi dirigida pelo economista Richard Easterlin, um dos fundadores da chamada ‘economia da felicidade’, e mostra que o desenvolvimento da China esteve acompanhado por um desemprego crescente e pela deterioração dos sistemas sociais de ajuda aos setores com menos receitas.
Em 1990, quando começou a transformação econômica da China, a maioria da população do país – seja por idade, educação, níveis de receita, e regiões – exibia altos níveis de satisfação com a vida, segundo este estudo.
Tanto o 68% que ficava no segmento de maiores rendas como o 65% que estava no segmento de receitas menores mostravam altos níveis de satisfação há pouco mais de duas décadas.
No entanto, da mesma forma que a linha de crescimento do Produto Interno Bruto subiu abruptamente nos gráficos sobre a China desde 1990, a satisfação caiu ‘substancialmente’ entre os chineses mais pobres, que refletem sua inquietação em relação às perspectivas do emprego e à dissolução da rede de seguridade social.
A percentagem de chineses mais pobres que dizem estar satisfeitos com sua vida caiu mais de 23 pontos percentuais, segundo o estudo.
Apenas 42% das pessoas no segmento econômico de rendas menores demonstraram altos níveis de satisfação com a vida em 2010, enquanto a percentagem dos chineses mais ricos que se dizem satisfeitos com suas vidas cresceu três pontos percentuais, para chegar a 71%.
‘Há aqueles que acreditam que o crescimento econômico aumenta o bem-estar e que quanto mais rápido for o crescimento, mais feliz será o povo’, afirmou Easterlin, professor de Economia na Universidade do Sul da Califórnia.
‘Dificilmente poderia haver um exemplo melhor que o da China para provar essas expectativas. Mas não há evidências de um aumento notável da satisfação na China da magnitude que poderia esperar-se devido à multiplicação enorme do consumo per capita’, continuou.
De fato, segundo Easterlin, as pessoas na China estão ‘levemente menos felizes em termos gerais, e a China passou de ser um dos países mais igualitários em termos de satisfação com a vida, para ser um dos menos igualitários’.
Em termos gerais, a satisfação com a vida entre os chineses desceu agudamente no início dos anos 1990, chegou ao fundo do poço na década de 2000 e retornou a níveis levemente mais baixos que há duas décadas.
Porém, apesar do êxito econômico do país, a trajetória descendente da satisfação entre os chineses de baixa renda é similar às tendências observadas nos países do centro e do leste da Europa, que seguem sua transição de um regime comunista para o capitalismo. EFE
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