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Alvo da Lava Jato, empreiteira Engevix é vendida por R$ 2

Dois dos três acionistas desistiram da empresa e venderam suas partes ao terceiro sócio por valor menor que o de um cafezinho

Por Da redação
Atualizado em 19 out 2016, 09h54 - Publicado em 19 out 2016, 09h46

Dois dos sócios da Engevix, uma das empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato, desistiram da empresa e venderam suas participações ao terceiro acionista por 1 real cada um – menos do que o preço de um cafezinho. Além do pagamento simbólico, Gerson Almada e Cristiano Kok terão as despesas com os advogados que os defendem numa montanha de processos bancadas por José Antunes Sobrinho, que passou a ser o único dono da empresa.

Para Almada e Kok, foi o pouco que sobrou da empresa que no auge chegou a faturar 3 bilhões de reais por ano, até virar alvo da Lava Jato. Pelo acerto assinado em 15 de setembro, Almada também ficou com um prédio da companhia, avaliado em cerca de 30 milhões de reais, como pagamento de metade de uma dívida que a Engevix tinha com ele.

Antunes, o novo controlador, vai herdar uma dívida entre 2 bilhões de reais e 2,5 bilhões de reais para administrar. O empresário, que está tentando fechar um acordo de leniência, conta com o tempo para vender os negócios da Engevix que ainda restam e pagar pelo menos parte do débito com os bancos. Se conseguir passar dessa fase, dizem pessoas próximas a ele, vai tentar recomeçar com a empresa de engenharia onde tudo começou, quase vinte anos atrás.

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O desmanche da Engevix é um retrato da decadência que tomou conta das empreiteiras envolvidas na Lava Jato. Dona de uma trajetória fulminante durante os governos do PT, o faturamento da Engevix hoje não chega a 1 bilhão de reais por ano.

A empresa entrou em declínio com a descoberta de seu envolvimento com corrupção na Petrobras e na Usina Nuclear Angra 3. Almada e Antunes Sobrinho foram presos e condenados em primeira instância. Tentaram fazer acordos de delação premiada, mas até agora não conseguiram. No mês passado, o nome da Engevix apareceu novamente na Operação Greenfield, que investiga operações irregulares com fundos de pensão de empresas estatais.

A Engevix ainda tem o Estaleiro Rio Grande – o maior do país, que foi adquirido pela companhia em 2010 por 410 milhões de reais, em sociedade com a Funcef, o fundo de pensão da Caixa – e a Usina Hidrelétrica São Roque (SC), cuja obra ainda não foi concluída e tem licenciamentos ambientais questionados. Também detém 6% de fatia na concessão rodoviária Viabahia, que está em negociações com a controladora Isolux. O estaleiro e a usina também estão à venda para abater as dívidas. O processo de reestruturação do grupo está sendo conduzido pelo banco Brasil Plural.

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Almada, Kok e Antunes Sobrinho se tornaram sócios há quase vinte anos, quando compraram a Engevix, uma das principais empresas de engenharia do país. Eles eram executivos da empresa que, à época, pertencia ao grupo Rossi, um dos maiores da área imobiliária e que também está em delicada situação financeira.

Desentendimentos

Após o envolvimento da companhia na Lava Jato, os sócios passaram a se desentender. Já não participavam juntos de reuniões de negócios, segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo. O envolvimento da companhia na Greenfield foi decisivo para a saída de vez de Kok e Almada do grupo.

Desde que as primeiras investigações da Polícia Federal vieram à tona, a Engevix vem se desfazendo de negócios estratégicos. Entre eles está a venda das concessões nos aeroportos de Brasília e do Rio Grande do Norte, em agosto do ano passado, para a Corporación América, do consórcio Inframérica. O grupo também se desfez, no início de 2015, da fatia de 36,85% na Desenvix Energias Renováveis, arrematada pela norueguesa Statkraft.

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Os três sócios têm processo contra a Petrobras em que pedem indenização por falta de pagamento. Se ganharem, possibilidade considerada remota, devem ratear a receita. Procurados, Antunes e Kok preferiram não se manifestar. Almada não foi encontrado.

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